sexta-feira, 8 de outubro de 2010

O efeito Cuca agita o Brasileirão

Por: Marcelo Barreto

Quando o Cruzeiro contratou Cuca para substituir Adílson Batista, ouvi muitos muxoxos. Técnico de poucos títulos, de mercado restrito ao futebol carioca, cheio de superstições e instável nos momentos decisivos, diziam seus muitos críticos. No mundo dos treinadores, não vale aquele ditado que diz que a última impressão é a que fica. Normalmente, fica a última. É o trabalho mais recente que define toda uma carreira, e por isso Vanderlei Luxemburgo ficou tão brabo na entrevista coletiva depois de sua vitoriosa reestreia pelo Flamengo (embora a pergunta do repórter Bruno Côrtes fosse sobre outro assunto, a vibração dele à beira do campo).

Enfim. No caso de Cuca, o que me chamou a atenção foi que as críticas na época de sua contratação pelo Cruzeiro desrespeitavam até essa inversão. O Fluminense escapou do rebaixamento no Campeonato Brasileiro na última rodada, é verdade. Mas a participação de Cuca nessa empreitada foi aquela arrancada espetacular nas últimas rodadas, que já levou muito torcedor a achar que milagres não só acontecem como são absolutamente naturais (já tem torcedor do Flamengo fazendo conta para ver aonde o time pode chegar somando 30 pontos nas próximas dez rodadas).

Somando aquela arrancada com a campanha à frente do Cruzeiro, Cuca é provavelmente o técnico mais bem-sucedido da Série A nesse período de tempo. Sim, eu sei, o corte é meio artificial – inclui um pedaço do segundo turno de 2009 e mais um de cada turno de 2010. E nessa de juntar a campanha de um time com a de outro, PC Gusmão também vira um bom candidato. O ponto que quero defender aqui é que talvez ainda estejamos avaliando Cuca muito mais pelo seu lado folclórico do que por seus resultados em campo.

E a reta final do Brasileiro de 2010 dará ao treinador uma boa oportunidade de mudar essa imagem. Agora, faltam dez jogos e o time dele está perfeitamente credenciado para pensar em título. Ao vencer o Goiás, o Cruzeiro ficou a um ponto do Fluminense, justamente o seu adversário na próxima rodada, e em casa (ou algo parecido com isso, a Arena do Jacaré). Ainda falta secar o Corinthians no jogo que falta contra o Vasco, mas com uma rodada perfeita o sonho da liderança já pode virar realidade.

A matemática do Brasileirão dos pontos corridos não é exata, e o próprio Cuca se encarregou de provar isso com o Fluminense de 2009. Mas o Cruzeiro tem elementos importantes para a briga nessa reta final: conseguiu passar pela fase de jogos no meio e no fim da semana sem lotar o departamento médico, conseguiu dar entrosamento e ritmo de jogo aos jogadores contratados na janela de transferências… e tem padrão. Nessa equação há muito da organização do Cruzeiro, um dos clubes de melhor estrutura no Brasil. Mas no último, especificamente, Cuca tem todo o mérito.

Aliás, quase todo. O Cruzeiro merece crédito mais uma vez, por tê-lo escolhido. É muito fácil cair na esparrela do rótulo, acreditar em conceitos frágeis como mercado carioca, superstição, instabilidade emocional. Contratar um treinador vai muito além disso, envolve observar o trabalho dentro do campo, ver o potencial que o cara mostra mesmo nas condições mais difíceis, como a de dirigir um time à beira do rebaixamento. Cuca e o Cruzeiro têm agora dez rodadas para mostrar que estavam certos e deixar os muxoxos para os adversários – mas um e outro sabem que não será fácil.

Um comentário:

  1. Devo confessar que era um dos que não queria a saída do Adílson.
    Eu estava errado!
    Muita gente reclamou de vinda do Cuca.
    Eles estavam errados.
    Quem estava certo? A nossa diretoria.
    Vamos aceitar que os Perrelas fizeram um grande trabalho nesse segundo semestre.

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