quinta-feira, 7 de novembro de 2013

FABRICADO EM LABORATÓRIO: CRUZEIRO MAPEIA DNA DE ELENCO E FAZ SUCESSO COM FÓRMULA DO REAL MADRID

Soa estranho.

Pode ser até mesmo exagerado, e os membros do departamento médico admitem que sim, mas parte da campanha que pode consagrar o clube novamente campeão nacional em caso de vitória sobre o Grêmio neste domingo, no Mineirão, e derrota do Atlético-PR para o São Paulo passa pela iniciativa pioneira de mapear geneticamente todos os seus atletas.

O procedimento ainda não é comum no País e foi utilizado pelo Corinthians com Alexandre Pato no início da temporada como forma de precaver lesões. O Palmeiras também cogitou fazer o mesmo com Valdivia.
Num calendário que permite aos times realizarem em média apenas um treino físico a cada dez dias, alguns clubes já cogitam organizar seus planejamentos para essa direção. Na Toca da Raposa II, os treinos foram todos eles modificados de acordo com as características de cada atleta.

"O levantamento do perfil genético dos jogadores não tem o objetivo de selecionar ninguém", esclarece o fisiologista cruzeirense Eduardo Pimenta ao site da ESPN. "Não podemos definir em função disso se contratá-los ou não. É crime. O último que fez isso foi o bigodinho da Alemanha (o ditador Adolf Hitler) e quem trabalha com genética não aceita esse tipo de postura", prossegue.

"O DNA traz informações que nos permitem fazer ajustes de treino, nutrição e conhecer melhor os recursos físicos de cada um. As condutas são elaboradas dentro da realidade genética. Temos um gene que codifica a proteína no músculo e deixa o indivíduo um pouco mais tolerante a treinos e jogos. No entanto, em função de alteração genética, alguns deixam de produzir essas proteínas. Então, eles sofrem mudanças de treinos, nutrição e quantidade de carga aplicada", completa.

O resultado é refletido diretamente nos resultados. No mês de setembro, considerado o mais complicado no futebol brasileiro, o Cruzeiro teve apenas a lesão do meia Julio Baptista - com o atenuante, ainda assim, de que se tratava de um nome que voltava da Europa.

Em geral, a média de lesões por atleta no segundo semestre no Brasil é de 1.7. O Cruzeiro acumula até aqui a marca de 0.4 (Bruno Rodrigo também se contundiu).

O procedimento feito a cada início de temporada a partir da raspagem da mucosa da boca e o estudo de oito genes é adotado pela equipe mineira desde 2009. A princípio, com as categorias de base e depois inserido no profissional.

Ele foi trazido do período de doutorado na Espanha de Eduardo Pimenta após contatos com o departamento médico do Real Madrid, na época interessado em descobrir mais detalhes a respeito dos brasileiros de seu elenco e esbarrando na falta de estudo do outro lado do Atlântico. O fisiologista celeste, então, ingressou num grupo de estudo local.

Mas todo esse trabalho só é possível também por causa da aceitação do método pela comissão técnica cruzeirense. Nem sempre foi assim. Com Marcelo Oliveira, existe a liberdade para sugerir a carga de aproveitamento de um atleta no treino e a sua melhor utilização no gramado.

"O novo assusta no futebol. Então, isso é verdade. O futebol tende ao continuísmo. Em nossa experiência interna, conseguimos passo a passo a confiança de alguns. Não é um tecnologia totalmente difundida, por isso, apresentamos a proposta. Se acatarem, excelente, caso contrário, tudo bem", afirma Eduardo Pimenta.
Não é por acaso que o Cruzeiro voa em campo.

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