Acostumado com a Libertadores, o Cruzeiro sempre teve campanhas
tranquilas na competição sul-americana e nunca foi eliminado na fase de
grupos. Em sua 14ª participação, no entanto, o time celeste tem o pior
começo desde 1997, quando perdeu os três primeiros jogos. A exemplo
daquele ano, a equipe atual tenta iniciar a reabilitação nesta
quinta-feira, contra o Defensor, no Mineirão, para 'repetir' o roteiro e
conquistar o título.
Os lateral-esquerdo Nonato, que participou
daquela campanha, acredita que a história do passado pode servir de
inspiração para o momento. "Eu acho que o Marcelo Oliveira até poderia
dar uma palestra em relação a isso, perdemos os três primeiros jogos e
conseguimos ganhar os outros três", afirmou o ex-jogador, que teve longa
carreira no clube celeste e conquistou 14 títulos, sendo o mais
importante deles a Libertadores daquele ano.
O ex-dono da camisa
6 tem fé no potencial da equipe atual para repetir o feito. "Hoje se
encontra em uma situação difícil, mas acredito na capacidade do grupo,
do Marcelo, que está fazendo um excelente trabalho", comentou. Para o
ex-lateral, o Cruzeiro de hoje se encontra em situação até mais
favorável do que aquela equipe.
Assim como nesta temporada, o
Cruzeiro de 1997 começou perdendo os dois primeiros jogos fora de casa,
para Alianza Lima e Sporting Cristal, ambas no Peru. Os resultados
abalaram a equipe, que acabou sendo derrotada pelo Grêmio, no Mineirão, e
ficando na lanterna do grupo e em situação totalmente desfavorável.
Numa reação surpreendente, o time buscou uma improvável vitória contra
os gaúchos fora de casa, por 1 a 0, com gol de Palhinha, e dali em
diante reescreveu a sua história na competição com mais duas vitórias
sobre os peruanos jogando no Mineirão e se classificou com 9 pontos, na
segunda colocação da chave.
O Cruzeiro atual, como ainda não
perdeu em casa – venceu a Universidad de Chile por 5 a 1 - pode se
classificar até mesmo com mais duas vitórias nos jogos que tem no
Mineirão. Porém, o objetivo é vencer não apenas o Defensor Sporting e o
Real Garcilaso, mas também a Universidad de Chile fora de casa para não
correr riscos de ser eliminado.
O técnico Marcelo Oliveira
lamenta o início complicado, mas aposta em uma resposta positiva ao lado
da torcida. "A gente pretendia era ganhar esse dois jogos, mas já
passou. A história é essa do momento, vamos observar os erros, tirar
proveito disso e melhorar. Em casa fomos bem no jogo da Libertadores,
mas fora não foi o mesmo comportamento, embora tenha tido infelicidades
que possibilitaram as derrotas", disse.
Nonato crê que o bom
rendimento como anfitrião poderá ser decisivo para o Cruzeiro nesta
quinta-feira e na sequência do torneio, como foi em 97, quando superou
El Nacional-EQU, Grêmio, Colo-Colo nas fases finais, sempre conquistando
as vitórias em casa. Na decisão, o Mineirão mais uma vez foi aliado e o
time faturou o título contra o Sporting Cristal, quando Elivélton
marcou o gol da vitória por 1 a 0.
Herói da conquista, o
ex-atacante acredita que o time atual precisa adquirir um pouco mais do
espírito aguerrido da equipe bicampeã. "O Cruzeiro entrou muito naquela
de ser o campeão brasileiro, de forma indiscutível é claro, mas entrou
com esse título pensando que é o melhor. Porém, esqueceram que nem
sempre o melhor vence, se você não correr e não pôr o coração na ponta
da chuteira é difícil conquistar mesmo tendo um bom elenco", observou.
Para Elivélton, é momento de ficar mais reservado e se unir. "O ponto
crucial é o grupo se fechar, é muito difícil querer chegar lá em cima se
não tiver união, é o ponto mais importante, porque mesmo sendo um dos
favoritos ao título está faltando isso ao Cruzeiro e entender que
Libertadores é 1 a 0. Faz igual o Paulo Autuori fez, fechando o grupo e o
time que tinha em 97 era mais de operários, tinha o Palhinha que era
mais clássico e o os outros eram jogadores que davam a vida, acho que
está faltando mais jogadores com o espírito aguerrido", analisou.
O atleta do elenco atual que mais representa essa característica de
fibra e raça é o volante Nilton, que promete não faltar empenho dos
companheiros contra os uruguaios. "Pelo que apresentamos no ano passado,
este ano não pode existir desconfiança, como em 97 que o time começou
mal e conseguiram ser campeões, vamos colocar em prática esse estilo de
muita luta, vamos correr por eles (torcedores) e eles cantando por nós",
destacou.
Os jogadores dizem que em 97 o que motivou aquele
grupo a sair do fundo do poço foi a vergonha e o medo de entrar para a
história como a pior campanha da equipe, o que também poderá servir de
incentivo aos comandados de Marcelo Oliveira.
"A gente não podia
sair na rua em Belo Horizonte, nosso nome estava em jogo, a nossa
moral. Entramos na Libertadores para marcar história e estava sendo uma
história negativa, uma hora a gente acordou e falamos que tinha que
mudar o panorama. Tivemos um papo entre nós, dizendo que iríamos ganhar
do Grêmio e ser campeão", contou Elivelton.
Nonato espera que a
história se repita já a partir desta quinta-feira. Mesmo achando que a
equipe não tenha a mesma experiência daquela neste tipo de competição,
ele acredita no sucesso celeste. "Acho que na primeira fase não podia
passar tanto sufoco em termos de classificação, mas ainda penso que o
Cruzeiro vai se classificar bem e de repente em primeiro lugar", disse
em tom otimista.
Para realizar o desejo do agora torcedor Nonato
e ter chances de terminar em primeiro, o time celeste terá que vencer o
Defensor Sporting de qualquer maneira. Uma derrota o deixaria
praticamente eliminado da competição. Com o empate, manteria as chances
de classificação, mas não dependeria apenas dos próprios resultados.
FONTE: UOL
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