sexta-feira, 28 de novembro de 2014

O VERDADEIRO SENTIMENTO DE SER CRUZEIRENSE

POR: RAFAEL MILAGRE


Nasci e cresci com o sangue azul e branco. Graças ao meu pai, aos cinco anos já entrava em campo com o time. Assisti, desde aquela época, grandes conquistas como Supercopa, Copa Ouro, Copa Master, Libertadores, Copa do Brasil, sem falar de Sul-Minas e Campeonato Mineiro.

Mas quando eu ia conversar com qualquer atleticano o que eu sempre ouvia era a única resposta: A famosa musiquinha do “O Cruzeiro tem 5 estrelas, 5 estrelas ele tem, falta uma, a amarelinha, quem sabe ano que vem!” Era uma festa! Atleticanos se juntavam para cantar isso, pulando como se fosse uma conquista que eles tivessem presenciado no Mineirão lotado.

Claro, todas aquelas pessoas que estavam cantando e pulando também eram crianças e não tinham a menor ideia do que era ser campeão brasileiro. Seus pais ou avós sim, mas eles, nunca. Até que chegou 2003. E junto a ele, o melhor time brasileiro que todos da minha época viram jogar até hoje. Pronto! A musiquinha acabou e restou somente o glorioso hino do gelo para sua torcida.

O melhor de tudo era não era discutir com atleticano ou ter que provar superioridade. A história sempre fez a sua parte quanto a isso. O triste era ter que ouvir que o Atlético era time de raça, como se isso fosse algo que realmente o tornasse melhor em qualquer coisa que seja. Mas ser algo com raça só me fazia lembrar de “cachorrada”. Uma torcida que sempre fazia barulho com quase nada, como aquele cachorro do vizinho que fica latindo a noite toda e ninguém entende o porquê.

Mas claro, o Galo voltou, o Galo subiu e, se subiu, é porque um dia… Sim, nem preciso falar o resto. E agora, sim, tudo fazia sentido. Todas aquelas frases e discussões de que cruzeirense nunca vai saber o que é sentir o que um atleticano sente. Verdade! Não sabemos o que é sentir uma queda tão grande e precisar nos apoiar em qualquer sentimento maior para justificar uma humilhação desse tamanho.

De 2003 pra cá foram apenas algumas camisas rosas, 5x0, 5x0 de novo, e um 6x1. Mas isso, pra nós, cruzeirenses, era muito pouco. Estávamos ganhando do nosso rival, levando alguns “Mineiros”, mas pra nós isso nunca bastou. Sempre quisemos sempre mais! Somos exigentes! Afinal, somos acostumado a títulos, a sentir emoção de um time campeão e apoiar os nossos guerreiros dentro de campo. Quanto ao Galo, o amor ao Galo bastava.

Até que chegou a famosa Libertadores de 2013, um título merecido, muito festejado e, pela primeira vez na vida, eu comecei a ver um atleticano dar valor a um título. Estava pronta a piada de vários anos de um atleticano: “Nós somos campeões da América e vocês não ganham nada desde 2003”. Mas veio também mais uma conquista, um bando de loucos e mais um título brasileiro. E agora? O que fazer?

O Cruzeiro tem mais Libertadores, Copas do Brasil e Brasileiro. “Precisamos de algo urgente”, e assim surgiu o “Tri sem bi”. Ainda que fosse bi, a superioridade continuava (e continua) nos fatos. E, pra piorar, o Tri sem bi ainda era acompanhado de um #chupamaria. Era como ouvir: Eu tenho uma mulher feia de 71, mas você não tem três gostosas, você tem só duas gostosas porque a de 66 está velha, então #chupamaria.

Agora chegou 2014 e o título mais importante do Brasil veio novamente pro maior lado da Pampulha. Os amigos de Vespasiano ganharam pela primeira vez a Copa do Brasil, se igualando a Santo André, Paulista e outros grandes do futebol brasileiro (entenda como quiser). E de novo atleticanos falando em títulos, campeão pra cá, campeão pra lá.

Então agora todo aquele amor ao Galo começou a fazer mais sentido. Claro, quem não quer ver o seu time ser campeão? Poder gritar, se orgulhar e comemorar? Só que a brincadeira só começou em 2013. Chegar agora no ônibus e já querer sentar a janela é algo que todo atleticano está se sentindo no direito de fazer. O que vocês estão começando a conquistar nós fazemos desde que nascemos.

Aceitem a realidade da história e dos fatos! Torcer e apoiar o seu clube de coração na vitória ou na derrota é algo que todo torcedor de verdade, seja do time que for, irá fazer. Mas a glória, as histórias e a grandeza de um clube são pelos seus títulos.

Quando vejo as fotos dos meus amigos comemorando o título do Galo, a marcação do local quase sempre é: Salão de festas do Galo. Com 23 anos eu já fui ao Mineirão para ver um título da Libertadores, dois da Copa do Brasil e três títulos brasileiros. Vamos lá, você não precisa ser um bom matemático pra saber que seis (desculpem pelo número, foi apenas uma coincidência) títulos importantes são maiores que dois. Desculpe, mas para quem prefere jogar em um poleiro alugado só pode chamar a Toca III de salão de festas depois que fizerem exatamente isso: mais festas.

E agora que você está começando a descobrir essa realidade, é triste ver o tanto que vocês ainda são pequenos, ou o quanto somos grandes. Podem decidir à vontade!

Fora todos os títulos, nós também vivemos de sentimento e, nessa quarta-feira, tivemos a maior prova viva de que não precisamos só de resultados para demonstrar o amor e orgulho que sentimos pelo manto azul. Cantamos pela emoção de vestir uma camisa celeste e torcer pelo maior time de Minas Gerais e por todas as nossas conquistas. Não precisamos de mais nada além do Cruzeiro. O Cruzeiro é maior que todos nós, e claro, maior do que vocês também.

6 comentários:

  1. Excelente matéria,pena que só esqueceram de um detalhe importante:
    Ao referir ao nosso rival o nome deve ser grafado de rosae acrescentar o Criciúma ao seleto grupo de ganhadores de apenas UMA da copa do Brail

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  2. Sensacional e em muito boa hora, falou tudo e falou certo.

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  3. Td de bom e sensacional. AZUL H MG, nao somente o criciuma mas tambem o juventude.

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  4. Paulista de Jundiaí... Belo texto colega. Eu vi a conquista de 1966 em cima de Pelé e cia. eu conheci RAUL, PEDRO PAULO, WILLIAN, PROCÓPIO, NECO, WILSON PIAZZA, DIRCEU LOPES, NATAL, TOSTÃO, EVALDO, HILTON OLIVEIRA. ESSA ACADEMIA NÃO ENVELHECE É ETERNA!

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  5. Achei esse post sensacional também. O sentimento de um cruzeirense sempre deve ser externado.

    Obrigado pela colaboração, Rafael!

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Palavrões, palavras preconceituosas ou posicionamentos políticos serão removidos. Os torcedores do rival que não têm o que fazer e que sentem incomodados com o Cruzeiro são bem-vindos. A gente entende a carência deles...

Já para pessoas loucas, que adoram postar pensamentos e acham que aqui é um muro de lamentações, um recado: acabou a farra!

Recomendamos uma terapia ou psiquiatra