quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

CRUZEIRO NEGOCIA PARA FICAR COM 70% DO DINHEIRO DA VENDA DE GOULART

A venda de Ricardo Goulart para Guangzhou Evergrande pode render ao Cruzeiro mais do que metade dos 15 milhões de euros (R$ 46,5 milhões) pagos pelo clube chinês pelo meia-atacante. A Raposa, que era dona de 50% dos direitos econômicos do jogador, negocia com o outro parceiro na sociedade por Goulart para que 10 milhões de euros (R$ 31 milhões) - 66,6% do valor da transação - sejam destinados somente ao clube.
 
Em conversas desde a segunda-feira com Higor Luiz Fernandes Sousa, detentor de 45% dos direitos econômicos de Goulart, a Raposa oferece repassar quatro milhões de euros (R$ 12,3 milhões). Montante que corresponde a pouco mais de 59% dos 6,75 milhões de euros (R$ 20,91 milhões) que o empresário deveria receber caso seja respeitada a verdadeira divisão.

Os outros 5% são vinculados ao grupo Sport Base, ligados ao investidor. Além dos 5% aos quais tem direito, os descobridores de Ricardo Goulart pediram ao Cruzeiro mais 5% do valor da transferência, o que corresponde a 750 mil euros (R$ 2,3 milhões).

Em setembro do ano passado, o Banco BMG procurou Higor Luiz para comprar parte do percentual do empresário devido à valorização do jogador.

A oferta do BMG foi para adquirir 25% dos direitos econômicos de Goulart. O banco compraria 22,5% dos 45% que pertencem a Higor Luiz Fernandes Sousa e mais outros 2,5% dos 5% vinculados ao grupo Sport Base.

IMBRÓGLIO
O imbróglio entre banco e empresário teve início após o acerto de Ricardo Goulart com o clube celeste. No fim de 2012, a Raposa desembolsou dois milhões de euros (R$ 5,7 milhões na época conforme registrado no contrato) para comprar 50% dos direitos econômicos do meia-atacante, que estava no Goiás.

Sem consultar Higor, o BMG negociou 50% da participação do banco e repassou 100% dos direitos federativos - que dá poder de registro - para o Cruzeiro. Goulart, até então, tinha vínculo com o Coimbra, clube no qual o banco registra os jogadores dele. O BMG embolsou todo o dinheiro, alegando que Higor permaneceria com 50% em uma parceria com a Raposa.

O empresário, por sua vez, entende que 25% dos direitos econômicos referentes à participação dele foram vendidos e, portanto, ele deveria ter recebido metade dos R$ 5,7 milhões. No processo movido por Higor consta que o Cruzeiro tem 50% e investidor e BMG 25% cada um.

VALORIZAÇÃO
O interesse do BMG em retornar para o negócio de Ricardo Goulart coincidiu justamente com o momento em que o jogador foi convocado pelo técnico Dunga para vestir a camisa do Brasil. Na expectativa por uma venda iminente por parte do Cruzeiro ainda em 2014, o banco queria recuperar o investimento feito e lucrar.
A Raposa, entretanto, não teve interesse em negociar o meia-atacante nesta época. Na janela de transferências do meio ano, o clube recebeu uma oferta de oito milhões de euros (R$ 24,8 milhões) do Borussia Dortmund (ALE), mas recusou.

Existia um acordo entre as partes que previa a liberação de Goulart mediante uma proposta de 12 milhões de euros (R$ 37,2 milhões). Após as convocações, porém, o Cruzeiro estima que a cotação do jogador é superior a 15 milhões de euros (R$ 46,5 milhões).

A PARCERIA
Ricardo Goulart despontou no Santo André em 2009 e teve 50% dos direitos econômicos adquiridos por Higor Luiz Fernandes Sousa. Em 2011, o jogador foi emprestado ao Internacional com 100% dos direitos fixados em R$ 1 milhão pelo clube paulista.

Após um ano no Colorado, Goulart não teve um bom desempenho e o clube gaúcho não teve interesse em adquirir o meia-atacante. O banco BMG, então, procurou o Santo André e Higor para propor uma parceria. Os paulistas estavam dispostos a negociar a totalidade dos direitos econômicos por R$ 1,5 milhão. O BMG, por sua vez, aceitou comprar só 50% por R$ 750 mil.

Goulart, posteriormente, foi registrado no Coimbra e repassado ao Goiás. Marcou 25 gols na temporada de 2012 e, antes do término do Campeonato Brasileiro da Série B, firmou um acordo com o Cruzeiro por meio do empresário dele, Sandro Becker.

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