A venda de Ricardo Goulart para Guangzhou Evergrande pode render ao
Cruzeiro mais do que metade dos 15 milhões de euros (R$ 46,5 milhões)
pagos pelo clube chinês pelo meia-atacante. A Raposa, que era dona de
50% dos direitos econômicos do jogador, negocia com o outro parceiro na
sociedade por Goulart para que 10 milhões de euros (R$ 31 milhões) -
66,6% do valor da transação - sejam destinados somente ao clube.
Em
conversas desde a segunda-feira com Higor Luiz Fernandes Sousa,
detentor de 45% dos direitos econômicos de Goulart, a Raposa oferece
repassar quatro milhões de euros (R$ 12,3 milhões). Montante que
corresponde a pouco mais de 59% dos 6,75 milhões de euros (R$ 20,91
milhões) que o empresário deveria receber caso seja respeitada a
verdadeira divisão.
Os
outros 5% são vinculados ao grupo Sport Base, ligados ao investidor.
Além dos 5% aos quais tem direito, os descobridores de Ricardo Goulart
pediram ao Cruzeiro mais 5% do valor da transferência, o que corresponde
a 750 mil euros (R$ 2,3 milhões).
Em setembro
do ano passado, o Banco BMG procurou Higor Luiz para comprar parte do
percentual do empresário devido à valorização do jogador.
A
oferta do BMG foi para adquirir 25% dos direitos econômicos de Goulart.
O banco compraria 22,5% dos 45% que pertencem a Higor Luiz Fernandes
Sousa e mais outros 2,5% dos 5% vinculados ao grupo Sport Base.
IMBRÓGLIO
O
imbróglio entre banco e empresário teve início após o acerto de Ricardo
Goulart com o clube celeste. No fim de 2012, a Raposa desembolsou dois
milhões de euros (R$ 5,7 milhões na época conforme registrado no
contrato) para comprar 50% dos direitos econômicos do meia-atacante, que
estava no Goiás.
Sem consultar Higor, o BMG negociou 50% da
participação do banco e repassou 100% dos direitos federativos - que dá
poder de registro - para o Cruzeiro. Goulart, até então, tinha vínculo
com o Coimbra, clube no qual o banco registra os jogadores dele. O BMG
embolsou todo o dinheiro, alegando que Higor permaneceria com 50% em uma
parceria com a Raposa.
O empresário, por sua vez, entende que 25%
dos direitos econômicos referentes à participação dele foram vendidos
e, portanto, ele deveria ter recebido metade dos R$ 5,7 milhões. No
processo movido por Higor consta que o Cruzeiro tem 50% e investidor e
BMG 25% cada um.
VALORIZAÇÃO
O
interesse do BMG em retornar para o negócio de Ricardo Goulart coincidiu
justamente com o momento em que o jogador foi convocado pelo técnico
Dunga para vestir a camisa do Brasil. Na expectativa por uma venda
iminente por parte do Cruzeiro ainda em 2014, o banco queria recuperar o
investimento feito e lucrar.
A Raposa, entretanto, não teve
interesse em negociar o meia-atacante nesta época. Na janela de
transferências do meio ano, o clube recebeu uma oferta de oito milhões
de euros (R$ 24,8 milhões) do Borussia Dortmund (ALE), mas recusou.
Existia
um acordo entre as partes que previa a liberação de Goulart mediante
uma proposta de 12 milhões de euros (R$ 37,2 milhões). Após as
convocações, porém, o Cruzeiro estima que a cotação do jogador é
superior a 15 milhões de euros (R$ 46,5 milhões).
A PARCERIA
Ricardo
Goulart despontou no Santo André em 2009 e teve 50% dos direitos
econômicos adquiridos por Higor Luiz Fernandes Sousa. Em 2011, o jogador
foi emprestado ao Internacional com 100% dos direitos fixados em R$ 1
milhão pelo clube paulista.
Após um ano no Colorado, Goulart não
teve um bom desempenho e o clube gaúcho não teve interesse em adquirir o
meia-atacante. O banco BMG, então, procurou o Santo André e Higor para
propor uma parceria. Os paulistas estavam dispostos a negociar a
totalidade dos direitos econômicos por R$ 1,5 milhão. O BMG, por sua
vez, aceitou comprar só 50% por R$ 750 mil.
Goulart,
posteriormente, foi registrado no Coimbra e repassado ao Goiás. Marcou
25 gols na temporada de 2012 e, antes do término do Campeonato
Brasileiro da Série B, firmou um acordo com o Cruzeiro por meio do
empresário dele, Sandro Becker.
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