NA PAUSA, TUMULTO

Os bastidores do Cruzeiro estão pouco voltados para a estruturação, montagem, acerto, contratações. Muito pelo contrário. Aliás, as denúncias vão surgindo dia após dia e cabe aos dirigentes virem a público explicar.

É o caso, por exemplo, de Wagner Pires de Sá, que depôs, por cerca de duas horas, na sede da Polícia Federal, em Belo Horizonte, nesta terça-feira. A presença do mandatário celeste se deve à uma intimação como testemunha para dar esclarecimentos sobre a Operação Escobar, que investiga vazamentos de documentos sigilosos da Polícia Federal. Indagado pela imprensa se o Cruzeiro tinha contrato com determinados advogados, Wagner preferiu sair pela tangente: "O Cruzeiro tem contrato com mais de mil advogados". O presidente do Cruzeiro, dependendo do andar da investigação, pode passar de testemunha a réu. Tudo vai depender do caminhar do inquérito.

Outro que se vê em problemas é o vice-presidente de futebol, Itair Machado. Isso porque o O juiz Daniel Cordeiro Gazola, titular da 1ª Vara do Trabalho de Coronel Fabriciano, determinou o bloqueio de recebíveis cartola celeste , por causa de ação trabalhista movida por um ex-funcionário do Ipatinga Futebol Clube. O valor da causa é de R$ 325.719,21. O dirigente celeste poderá recorrer da sentença em segunda instância. Esse bloqueio, portanto, em nada tem a ver com as denúncias que apareceram no Fantástico, semanas atrás. No entanto, o Cruzeiro foi notificado a depositar, em juízo, quaisquer remunerações de Itair, seja salário ou premiação de qualquer natureza. Inclusive, em caso de rescisão contratual, o Cruzeiro deverá depositar o valor de R$ 2 milhões em juízo. A data limite para os depósitos é dia 2 de julho. Itair, dias atrás, já teve 30% do seu rendimento bloqueado por causa de outro processo, no valor de R$ 54 mil. Em ambos os processos, o Cruzeiro passa a ser o terceiro interessado e, por ser empregador de Itair, tem o dever de repassar aquilo que seria pago ao seu funcionário à justiça. “Fica advertido o Cruzeiro Esporte Clube que eventual pagamento realizado diretamente ao executado, ou a terceiro indicado por ele, contra esta ordem, será considerado ineficaz, assumindo o Clube a condição de executada diretamente nestes autos (inciso IV, do art. 139, do CPC)”, rezam os termos.

Recentemente foi divulgado que a votação dos conselheiros sobre os afastamentos das pessoas envolvidas em denúncia dar-se-á no início de agosto. Até lá muita coisa pode acontecer. Infelizmente, num lado diferente do futebol, o qual o Cruzeiro é muito pouco conhecido. E, caso não haja um desdobramento, que os resultados de julho não sirvam como justificativa para não deixarem as coisas claras à justiça, à imprensa e à torcida. Vencendo ou não, classificando ou não, a torcida exige que a diretoria dê as caras, esclareça as denúncias e tire o Cruzeiro das páginas policiais.