WAGNER, CONSTRANGIDO, PASSA O BASTÃO PARA PERRELLA

Quem manda no Cruzeiro, agora, é Zezé Perrella. Nitidamente constrangido, Wagner Pires de Sá literalmente "passou o bastão" para o folclórico presidente, que esteve à frente do clube por quase duas décadas. Logo na apresentação do agora homem forte da Raposa, Wagner afirmou que Zezé irá gerir o futebol do Cruzeiro daqui por diante. Completou, ainda, dizendo que Zezé o fará de forma voluntária, ou seja, sem remuneração. Isso difere, por exemplo, do que era feito com Itair Machado, que recebia R$ 180 mil mensais e ganhava bônus de R$ 600 mil por campeonato vencido.

Desconfortável, passou a palavra ao atual presidente do Conselho Deliberativo, que dispensou apresntações, abrindo para perguntas dos jornalistas. Dentre várias afirmações, o agora gestor do futebol celeste disse que retorna por ser cruzeirense e que jamais se furtaria a isso, devido à situação do clube. "Se o Cruzeiro estivesse bem, vocês não me veriam aqui. Estou quebrando um compromisso que fiz com minha família, com meu irmão, que me disseram várias vezes para não retornar Fico à frente do futebol do Cruzeiro até dezembro", disse.

Com um discurso propositivo, Zezé Perrella afirmou, categoricamente, que o Cruzeiro vai superar esse desafio. "É uma tarefa complicada e tudo vai passar pelas próximas três, quatro rodadas. Acredito que se vencermos a Chapecoense, temos totais condições de manter a vontade e temos possibilidades também de vencer o São Paulo, mesmo sendo uma equipe difícil de derrotar. Mas são 14 jogos e vamos conversar com os jogadores, com a comissão e buscar dar tranquilidade a eles. Junto ao torcedor, que peço, confiem naquilo que vamos fazer, tenho certeza que vamos sair dessa como saimos em 2011", contou.

Em alguns momentos, Zezé escorregou, bateu na atual gestão e na gestão Gilvam mas, talvez vendo o que disse, afirmou que não fazia ali julgamentos de gestão. Mas enfatizou algumas vezes que ele "trabalhava de forma diferente". No rádio, há alguns dias, denunciou o aumento da divida do Cruzeiro na "Era Gilvan" de 117 para 450 milhões e o aumento ainda maior na gestão Wagner, atingindo R$ 650 milhões. Contudo, dessa vez, Perrella foi político, dizendo por mais de uma vez que Wagner foi humilde em procurá-lo e pedir ajuda. Perrella ainda disse que a eleição no clube será mesmo adiantada, podendo ocorrer até mesmo em dezembro. "O Ronaldo e o Hermínio disseram que não há problemas, que abrem mão. Nesse momento temos que pensar no clube, não na questão de ser presidente. Temos que focar em quem pode trazer investimento, em quem pode organizar o clube", narrou, deixando claro que Pedro Lourenço, se aceitar a empreitada, será o próximo presidente do Cruzeiro. Se tudo caminhar como é esperado, as eleições poderão ocorrer após o dia 15 de dezembro, o que facilitaria contratações, mudanças internas e no elenco do Cruzeiro, tido como muito experiente e que necessita de oxigenação.

Por fim, Perrella ainda disse que há, sim, uma multa no contrato de Itair Machado e que irá procurar o seu antecessor em breve para tentar um acordo. A multa de Itair é de R$ 2 milhões. Na entrevista, Perrella chamou Itair de centralizador. Há alguns dias, disse que "Itair quem manda" e chamou Wagner Pires de "rainha da Inglaterra".

Quem chega e o que muda com Perrella

O Digi+ vai deixar de ser o patrocinador máster do Cruzeiro. Em conversa com a diretoria provisória, eles abriram mão do espaço, o que passará, até segunda ordem, para outro local no uniforme. O Supermercados BH vai ocupar a parte da frente da camisa. Isso levará a Pedro Lourenço acertar as contas do clube, pagando dois meses de salários dos atletas e direitos de imagem. O filho de Pedro, Pedrinho, será assessor de Perrella até o final da gestão interina.

A partir de janeiro, o fornecedor será outro. A Adidas, que antes sinalizava com uma saida devido à gestão e acusações, gostou da mudança e vai permanecer. Um contrato de três anos.

Perrella ainda falou que deverá haver diminuição de gastos com a categoria de base; que a folha para 2020 será reduzida, citando o Athletico-PR como exemplo; e falou em terceirizar categorias de base abaixo do infantil, como o clube fazia com o Itaúna.

Por: João Vitor Viana