Há pouco menos de seis anos, o volante Everton nunca imaginaria treinar para uma partida válida pelo Campeonato Brasileiro. Atrás de um balcão de uma fábrica de ventiladores, em Maranguape, no Ceará, o jovem, na época já com 19 anos, não vislumbrava futuro promissor no futebol. Sua realidade no esporte eram apenas as tradicionais peladas de fim de semana.
Neste sábado, às 18h30m (de Brasília), atuará na lateral esquerda, contra seu ex-clube, o Fluminense, no Engenhão, no Rio de Janeiro.
A chance para se firmar na equipe principal surgiu após o técnico Cuca optar pela escalação de Gilberto no meio-campo, ao lado de Montillo. Assim, o volante jogará pela esquerda. Curiosamente, a estreia do atleta com a camisa celeste, em 2010, foi justamente contra o Tricolor, no primeiro turno do Nacional do ano passado. Na oportunidade, os cariocas venceram por 1 a 0, no Maracanã.
- É uma coincidência muito grande. Espero poder ajudar a equipe, já que tenho entrado no decorrer dos jogos. Creio que darei conta do recado.
Ventiladores em Maranguape
O trabalho no ramo de ventiladores não era fácil. Durante a semana, Everton acordava às 5 horas da manhã e voltava para casa às duas da tarde. Aos sábados e domingos, os destinos eram os campos de várzea para a disputa da Liga Amadora Maranguapense.
- Durante a semana, eu trabalhava muito, não dava para jogar. Todos trabalhavam de segunda à sexta e jogavam nos fins de semana.
Everton foi descoberto pelo futebol quando disputava a Liga Amadora de Indústrias de Maranguape. Na época, o jogador atuava como meia, e os gols lhe renderam um convite e um dilema.
- Eu me destaquei fazendo muitos gols como meia. Um olheiro do Santana Têxtil, da Terceira Divisão do Campeonato Cearense, me viu jogando e me convidou. Fiquei pensando. Fui à empresa e pedi para me mandarem embora, já que precisava do dinheiro do acerto. Mas o diretor da indústria me disse: "Você quer ser jogador de futebol, e jogador ganha muito dinheiro. Você terá que pedir para sair, já que dinheiro você vai ganhar quando for jogador." Senti que ele queria menosprezar meu sonho e prometi chegar lá.
Everton com a hélice de ventilador: boas lembranças
(Foto: Fernando Martins / Globoesporte.com)
O jogador ainda guarda uma ligação sentimental com os ventiladores.
- Sempre que vejo um ventilador da marca da indústria que eu trabalhava, me lembro de como tudo começou. Às vezes, me pergunto se fui eu que coloquei a marca nesse ou naquele ventilador. Sempre me lembro do passado, porque foi o que me formou para chegar a um clube grande, ser jogador profissional.
O polivalente da Raposa ainda vai além.
- Como já rodei por todas as posições - fui volante pela direita e pela esquerda, cabeça de área, meia, lateral-esquerdo ou direito -, lembro uma hélice. Rodando e rodando nos times. Só não jogo como goleiro – brincou.
Depois do Santana Têxtil, Everton passou pelo Ferroviário, também do Ceará, onde disputou a Série C do Campeonato Brasileiro. Contratado pelo Barueri, foi emprestado ao Bahia e, depois, voltou ao clube paulista para disputar a Série A, em 2009. De lá, foi contratado pelo Fluminense e, na sequência, desembarcou em terras mineiras, onde conquistou seu primeiro título como profissional do futebol.
- Jamais ganhei o torneio de indústrias e, agora, sou campeão mineiro pelo Cruzeiro. Acho que é melhor, não é?
Nenhum comentário:
Postar um comentário