ANÁLISE TÁTICA

O Cruzeiro, diante do Fortaleza, deu um passo atrás taticamente. Isso porque o time vinha bem, acertado, com as peças certas e esquema de jogo definido. Com um tme proativo, criativo e com produção boa, o Cruzeiro venceu São Paulo e Corinthians. Contudo, diante do Fortaleza, até pela mudança de atletas - uma obrigatória e a outra uma insistência do treinador - o time voltou a ser pragmático.

Com um esquema de 4-2-3-1, o Cruzeiro se perdeu por completo, principalmente quando adotou o 4-1-4-1, algo que não se deve fazer pelas peças que o Cruzeiro tem hoje. Para jogar com apenas um volante, o clube não pode acionar tanto seus laterais e o volante de ofício precisa ter muita força e velocidade. Por mais que Henrique detenha boas características, fica sobrecarregado, ainda mais porque Egidio e Orejuela são, por ofício, ofensivos. Então, defensivamente, o Cruzeiro fica muito exposto. E diante da situação que se encontra, é melhor o time ficar melhor postado e acreditar na força ofensiva, sem se atirar por completo, a não ser que o tempo esteja acabando e o placar não seja o desejado.

Assim, Abel errou na escalação e nas alterações. Ainda que tenha feito o gol aos 34, de imediato deveria ter recomposto o meio, que já não era o mesmo ainda antes do gol. Tanto é que um erro de Egídio em sair jogando ocasionou o gol de empate. Talvez havendo outro volante ali, a sorte fosse outra. 

Diante do Botafogo, o Cruzeiro voltará a contar com Ederson, que fez uma falta gigante contra o Fortaleza. Forte e veloz, ele dá o suporte necessário ao Henrique que, inclusive, cresceu ao lado do jovem e vice-versa. Veremos, agora, se Abel continuará insistindo em David, um jogador que não está em boa fase, que não ajuda, que põe a bola para a esquerda, para e toca para trás, num "estilo Diego Clementino" que irrita. Alguns pedem passagem, principalmente Maurício, que vai saber, perdeu espaço com Abel. O menino é rápido, inteligente, tem boa finalização, mas Abel insiste em escalar David e, quando perde a paciência, põe Marquinhos Gabriel e, depois, Ezequiel. Mas nunca Maurício.

Que contra o Botafogo Abel não erre tanto, que enxergue o jogo como enxergou diante de São Paulo e Corinthians, que faça o time envolver os donos da casa e seja inteligente na criação de jogadas, seja em chutes de longe, de enfiadas de bola, em cobranças de falta, em jogadas ensaiadas. Tudo que não seja somente mandar bolinha para a área. Porque jogo manjado não trará os três pontos. Tem que ser eficiente, cirúrgico e competente. Chega de priorizar posse de bola e fazer "chuveirinho".

Por: João Vitor Viana