PERRELLA X ITAIR: ANTES AMIGOS, VIRARAM RIVAIS E, DEPOIS, INIMIGOS

2005 estava logo ali e Itair Machado aparecia para o futebol como um presidente visionário, que tinha posto o Ipatinga no cenário nacional. Da Série D para a Série A, com prêmio de melhor dirigente, com dinheiro, com título mineiro em cima do Cruzeiro, ainda que com elenco de 18 atletas emprestados pelo próprio Cruzeiro. Numa relação de irmãos, Itair Machado e Zezé Perrella tinham ali, uma parceria firme, em busca do destaque de um time do interior junto a um grande time brasileiro.

O tempo passou, Itair sumiu da mídia, Zezé ficou na política, longe do clube e, de repente, ambos voltam à cena e no Cruzeiro. Itair como "homem forte" do clube, sendo um executivo contratado a peso de ouro e Zezé como presidente do Conselho. O primeiro ano foi de proeminência de Itair, já que renovou o título da Copa do Brasil, ainda que com a base montada na gestão anterior e pagando dívidas também da gestão passada que não havia conduzido bem as finanças. Aliás, Gilvan deixou o Cruzeiro com o nome sujo na praça e com fama de caloteiro.

Contudo, 2019, um ano trágico do início ao fim, acabou por revelar muitas coisas que foram escondidas no inicio. A gestão financeira não era nada boa, aumentos frequentes de salários dos próprios executivos, de funcionários sem função, de folha salarial, de bônus para atravessadores e uma festa com o dinheiro que nunca se viu. Resumo da ópera: o dinheiro acabou e as dívidas vieram de novo. Se antes eram pagas, dessa vez começou-se um rombo. Foi proposto, inclusive, um empréstimo milionário de um fundo do exterior, o que acabou não se concretizando e não se sabe até hoje o porquê. Zezé, que era rival de Wagner nas eleições, passou a também não "xeretar" com Itair. E as inúmeras denúncias fizeram com que Zezé também perdesse a paciência.

Junto a um grupo, iniciou-se um movimento dentro do Cruzeiro para que as contas fossem reveladas e as perguntas respondidas. Nessa vez, Wagner, a mando de Itair, passou não só a tirar funcionários de Perrella, como documentos sumiram e não foram apresentados. E isso causou a ira e o rompimento completo do presidente do Conselho com o presidente e sua trupe. Foi marcada uma reunião que, por hora, está cancelada. Mas se em 10 dias Granata e Lemos não concordarem em convocar novas eleições em janeiro, certamente ela voltará ou dia 21 ou em outra data. Mas acontecerá.

Se antes eram amigos, a política do clube e a realidade do Cruzeiro acabaram tornando Perrella e Itair inimigos, ao ponto de não só serem rivais, mas se não conversarem. E a torcida e o clube ficou nesse fogo cruzado. Espera-se, agora, com a saída do "centro da discórdia" e com a chegada de Pedro Lourenço, que não só os ares fiquem menos pesados, como a política interna do clube volte a ser vencedora, sem tantos beneficiários do dinheiro do clube, mas que vibrem com as conquistas do Maior de Minas

Por: João Vitor Viana.