O Cruzeiro, por dois anos, foi mal gerenciado, presidido por alguém que evitou fazer o lógico para ser destaque individual. E conseguiu, de forma negativa. Com o afastamento da torcida, o Cruzeiro não soube equilibrar suas receitas e ainda se viu incompetente em criar novas fontes de renda em meio à pandemia. Acabou sendo refém de suas próprias decisões e o presidente do clube virou "pedinte" para empresários e torcida. Aliás, os programas que tentaram fazer não apenas fracassaram como podem ser chamados de falidos. Junto a isso, o sócio do futebol deu 50 mil passos para trás, com uma gestão ruim e que não se adaptou a nada. Destaque para dizer sobre o atendimento ruim de quem vende o sócio, que deixam clara a posição de "se o senhor não quer renovar, é um direito seu", sem a menor simpatia, sem buscar o convencimento do torcedor, que é o maior meio de renda de um clube de futebol.
Tempos atrás, o ainda presidente Zezé Perrella conduzia o Cruzeiro de duas formas: renda em estádio e cotas de TV. Não se preocupava com o marketing e nunca cogitou o sócio torcedor. Como não dava certo, chegou a jogar a culpa na torcida, dizendo que bilheteria não bancava nem salário de jogador, motivo pelo qual era necessário sempre vender um jogador por ano. Ainda assim conseguiu não causar um rombo tão grande nas contas do clube e construiu bons elencos, que acabaram campeões.
Contudo, a tragédia celeste começou na gestão Gilvan de Pinho Tavares, que expôs para todo o Brasil um Cruzeiro diferente. Se antes era um time que pagava em dia e era modelo em finanças - ainda que, reforço, sem criatividade -, tornou o Cruzeiro capa de jornais quanto aos calotes dados nos clubes. Comprava e não pagava. E ainda inflacionou as despesas, com salários altos. Já a turma que o sucedeu foi a catástrofe total. Além de ter que pagar dívidas da gestão anterior, transformou o Cruzeiro num poço sem fundo, onde salários eram alarmantes, contratos fora da realidade e crescimento exponencial de dívidas, que acabou chegando num patamar quase insustentável.
Chegou Sérgio Rodrigues e, com ele, um discurso pronto. Nada foi cumprido. Tudo foi terceirizado, o presidente, com o tempo, passou a se distanciar. Se no início fazia suas lives desinteressantes, por fim, ficou quase um ano sem dar uma entrevista. Se afastou da torcida, sucumbiu o sócio, focou em receitas pingadas e virou refém de doações, mendigando ajuda e nunca assumindo os próprios erros. Montou elencos fraquíssimos e caros. Custo-benefício ridículo. Dois anos assim. Foi tudo ruim? Foi tudo errado? Não. Mas tudo que aconteceu de bom fica ofuscado pelos erros bizarros de uma gestão que, constata-se, pouco entende de futebol e precisa de gente profissional ali.
Baseando nisso, ainda que tardiamente, o próprio presidente veio a público para pedir desculpas ao torcedor. Uma espécie de mea-culpa, mas que o torcedor pouco acredita, por tudo o que aconteceu. O fato de pelo menos ir para o sistema SAF e, após trazer tantos funcionários ruins - em especial jogadores, treinadores e diretores -, um fio de esperança surge. Permanecem Luxemburgo e sua comissão, além de Ricardo Rocha e, por fim, chega Alexandre Mattos, a ser confirmado tão logo a reunião sobre a venda do clube para investidores seja possível. Informações dão conta, ainda, que o transfer ban será pago, ainda que de forma parcelada, entre os dia 20 e 30, o que possibilitará a inscrição de novos jogadores.
Maurício Copertino, em seu perfil no Twitter, disse que os atletas que chegarão e que já foram indicados são de qualidade. Promete time forte. Para ser forte, o clube precisa sair das mãos do presidente e se concentrar em quem entende do negócio.
Estratégias
O Cruzeiro deverá fazer preços populares em toda a temporada 2022. É algo que já foi pedido por jogadores e que, ao que parece, a diretoria enxerga para o torcedor estar mais próximo, sendo um incentivador dentro de campo e, quem sabe, fora também.
A diretoria, inclusive, deveria aproveitar o movimento da torcida pró-Cruzeiro e por pontos fixos de venda de sócios no estádio. Afinal, a empresa deve estar onde o cliente está. É um tráfego normal.
Por: João Vitor Viana