OPINIÃO: CONCORDA?

Não sou tão velho, mas também já não sou um jovem. Aliás, se eu jogasse bola profissionalmente, já estaria pensando em me aposentar. No entanto, vivenciei um tempo no futebol onde não se havia medo em se lançar um talento, independentemente da idade. Afinal, talento não se faz com maturidade. Se faz, principalmente, pela ousadia. E o último talento que vimos de perto foi Ronaldo, chamado mais tarde de fenômeno. À época, Carlos Alberto Silva, em uma excursão do Cruzeiro a Portugal, encantou-se pelo futebol daquele menino franzino, dando chances a ele no profissional ainda aos 16 anos. Hoje dizem que fazer isso é "queimar etapas". Eu chamo de falta de ousadia mesmo.

Para tudo se tem uma desculpa. Ou é pela imaturidade, ou excesso de atletas e, por isso, é preciso dar "rodagem" ao atleta... tudo uma filosofia de boteco. Jogador bom a gente faz, lapida, mas é preciso testar. Inclusive colocando em jogos específicos, dando confiança a ele. Logicamente não é todo o dia que surge um Ronaldo, mas temos outros bons exemplos, como Fábio Júnior e Giovanni que, apesar de não possuírem a magnitude de um Fenômeno, foram ótimos valores lançados aos 19, 20 anos. E olha que isso tem seus 20 anos! Lucas Silva, nessa época, recém devia ter saído das fraldas. E por isso temos que repensar nossos valores.

Não é criticar o atual técnico ou a diretoria. Mas a base precisa ser mais valorizada. É preciso, por exemplo, adquirir esse Ederson, que muitos tratam como "novo Casemiro"; é preciso dar chances ao Lucas Soares na lateral; Maktom no meio; ao Popó (foto), no ataque; ao Brazão e Vitor Eudes, no gol. E antes que digam que quero a saída de fulano ou cicrano, já adianto: quero ver esse pessoal sendo testado no Campeonato Mineiro e em momentos dos primeiros jogos da Copa do Brasil. Quero vê-los jogar sem pressão, para que possam mostrar seu valor e que podem ir além de jogos menores. Mas o Cruzeiro precisa ter essa política de formar jovens, de dar oportunidades a eles e não somente tê-los no elenco para falar que 10 ou 12 jogadores dos 30 são da base. De que adianta números se eles pouco ou nada jogam? É preciso lapidar, formar e acreditar nesses meninos. Popó, por exemplo, tem 121 gols marcados na base. Será que o Cruzeiro precisa sair atrás de um velocista? Para que trazer jogador para compor se temos talentos a serem testados já dentro do clube?

Perdemos vários jovens, vendemos muitos jogadores que sequer demos uma sequência por aqui. Dudu, do Palmeiras, eleito o melhor jogador do Brasileiro, é cria nossa. Vendemos esse atleta há quase 10 anos, quando ele era uma promessa que se destacava pelo Coritiba. Perdemos o Vitinho para o futebol belga. E aí? Teremos que ter mais exemplos para cobrar mais ação em prol dos meninos feitos em casa? Sou da política que a gente deve contratar quando somos incompetentes em produzir. E essa política que a direção celeste e a comissão deveriam ter em mente. Mano, convoque o Popó para disputar o Mineiro! Quem sabe não será mais um nome a deixar seu nome na história?

Por: João Vitor Viana