Cruzeiro foi adquirido por Pedro Lourenço, que passa a gerir o clube em outros moldes, mais perto da torcida e com vontade de investir
O Cruzeiro tem novo dono: sai Ronaldo e entra Pedro Lourenço. Ronaldo teve a coragem de pegar o clube em seu pior momento e, ainda que tenha visto nisso, uma oportunidade de negócio, é inegável que fez um bom trabalho de reestruturação, formou uma equipe, trouxe oxigênio financeiro e deu projeção a um clube que, historicamente, sempre foi gigante, mas se apequenou em 10 anos de desmandos gerenciais, culminando em parar em páginas policiais em diversos momentos.
No entanto, em pouco mais de dois anos, Ronaldo voltou a dar a credibilidade que o clube havia perdido, equacionou dívidas, pagou outra parte e, agora, passa o bastão a quem sempre vestiu e esteve junto à torcida: Pedro Lourenço, o Pedrinho BH.
CLIQUE AQUI E VEJA A ENTREVISTA DADA POR RONALDO, PEDRO LORENÇO E GABRIEL LIMA
Ao meu entender, deixa o clube alguém que já estava cansado de ser cobrado e entra um entusiasta. Ronaldo detestou a queima de sua imagem, os sucessivos questionamentos sobre investir. Contudo, isso partiu dele mesmo, que prometeu um ano audacioso e não é o que se viu. Com um diretor de futebol limitado - que acabou indo para o Vasco e vai passar um perrengue por lá -, e outros funcionários, alinhados com a política do bom e barato, Ronaldo não apostou em ousadia. Queria sim, com o tempo, deixar o Cruzeiro melhor. Mas gestão empresarial e futebol, para caminharem juntos, precisa de aceleração, por mais que haja uma dívida bilionária em questão.
Ronaldo sempre pregou que o principal era honrar os compromissos, fazer um time competitivo e diminuir a dívida. E isso cumpriu. Mas sendo Cruzeiro, um time de camisa pesada, a pressão é grande, mesmo que, por vezes, a torcida - ou parte dela - transpareça uma ingratidão com o agora, ex-gestor.
Pelas redes sociais, a irmã de Ronaldo, Ione, disse estar triste e que ver o irmão tocar algo que estava lhe custando tempo, dinheiro e nada de reconhecimento, não era mais algo saudável. E isso teria sido o motivo de Ronaldo abrir mão de seu maior case de sucesso no futebol até aqui. Dessa forma, mais uma vez chegamos à conclusão que o Cruzeiro não evoluiria muito além do que vem mostrando em 2024 nas mãos do Fenômeno. Seria um time para não correr riscos, terminar bem o ano, chegar à Sul-Americana e, no máximo, tentar passar de fase da competição internacional desse ano que, inclusive, está bem mal num grupo deprimente.
Chega Pedrinho com planos novos, discurso motivador, contratação de um homem forte do futebol (Alexandre Mattos) e vontade de investir. Será que virá estádio? Quantos reforços e quais chegam no meio do ano? Teremos a tal ousadia e alegria na próxima janela? O torcedor passou a sonhar. Saiu do pesadelo causado por tropeços inacreditáveis para outra situação.
Que o Cruzeiro mude de patamar. Que Pedrinho realize os sonhos do torcedor que, aliás, ele o é.
POR: JOÃO VITOR VIANA