Quem viu o Cruzeiro diante do rival, pela primeira vez no ano viu o time em campo. Com três zagueiros, ciente do que deve fazer em campo, a Raposa finalmente entrou em campo. Mesmo errando saídas de bola ainda de forma bisonha - até hoje não entendo por que o Rafael Cabral insiste em sair jogando perigosamente e praticamente entregando a bola ao adversário -, o Cruzeiro foi superior na maior parte do tempo. E muito disso se deve ao esquema tático, com três zagueiros, maneira que o time aprendeu a jogar e soube jogar no ano passado.
Quando vemos o Cruzeiro com apenas dois defensores e, pior, com laterais incompetentes como Gasolina e Cipriano, o time fica completamente exposto. Na falha de um - e Oliveira continua entregando a paçoca - com três defensores há um a mais para consertar a cagada. Nesse caso, Reynaldo jogou muito. Rápido, o zagueiro tirou bolas pelo alto e fez ótimas recuperações. Ainda é início de ano, mas já mostra ao que veio. Muito boa a volta de Brock, que mesmo limitado, agrega à zaga e sabe liderar o time, que ficou sem capitão durante a ausência nos dois jogos anteriores.
Com Bruno Rodrigues inspirado e Wallisson entrando bem, o Cruzeiro é um time bem compacto. Ainda acho que Ian Luccas não é para ser titular. Mas é um ótimo valor que o Cruzeiro precisa comprar em definitivo. E já que estamos falando de meio-campo, há carência na criação. Não entendi a não entrada de Daniel Jr. diante do rival. Principalmente porque tivemos que ver, novamente, o Davó não acrescentando. A bola chegando, Gilberto vai guardar. Teve duas chances ontem, travado no último momento pela zaga adversária.
Nikão também é jogador importante. Não sei se jogando apenas na direita será um atleta completo. Por mim, jogaria flutuando. Não é armador, não é centroavante e nem ponta. É aquele elemento surpresa, que precisa não ter uma posição fixa, para surpreender o adversário. Ou seja, com um "10" em campo, Bruno Rodrigues, Wesley e Nikão podem render bem mais, trocando de função a todo o momento e possibilitando Gilberto ficar desmarcado para guardar.
Falando em Wesley, diante do rival ele foi bem. Deu belo passe para o gol de Bruno Rodrigues. Mas precisa parar de reclamar e jogar bola. Está pendurado só por reclamação. E sendo o jogador mais caro contratado para a temporada, precisa ser menos esquentadinho.
O Cruzeiro não é um time com elenco ruim, por mais que a imprensa, após o jogo - destaco aqui a falta de profissionalismo de alguns repórteres da Globo e da Itatiaia - tenha reiterado isso, buscando sensacionalismo ao entrevistar atletas do Cruzeiro. Não falaram em momento algum da entrada desleal de Igor Gomes em Nikão; não citaram a bomba atirada pela torcida do rival perto de Pezzolano e nem os sinalizadores que estavam na torcida rival. Passam pano mesmo, babam ovo do Hulk mesmo, lambem as botas do Menin sim... tudo numa parcialidade ridícula. Mas isso é algo que não é de hoje. Só fica cada vez mais evidenciado.
O Cruzeiro vai crescer, vai se encontrar. Mas Pezzolano precisa ter em mente que o time não sabe jogar com dois zagueiros; que Cipriano e Gasolina, juntos, não dá; que Oliveira precisa parar de inventar; que Rafael Cabral é bom, mas está desatento e falhou no gol do rival; que o ataque precisa ser criativo e o time precisa finalizar mais. Tudo perpassa por um esquema que favoreça e jogadores que preencham as necessidades do time. O Cruzeiro, hoje, carece de um "cabeça pensante" no meio, de um primeiro volante e de um lateral-esquerdo. E precisa correr, rápido, com Cipriano. Não dá.
JOÃO VITOR VIANA