O advogado Sérgio Rodrigues recebeu blogueiros e membros de sites e páginas independentes sobre o Cruzeiro, em seu escritório, no bairro Gutiérrez, em Belo Horizonte, nesta segunda-feira. Num bate-papo com os presentes, Sérgio destacou a importância da torcida, falou de estádio, de gestão e dos seus planos, se eleito presidente do Cruzeiro. Há nove anos trabalhando dentro do clube, dois deles no futebol profissional, o ex-superintendente se desligou da atual gestão há alguns meses, por incompatibilidade de ideias. Aos 34 anos, Sérgio Rodrigues pretende aproximar o clube do torcedor e buscará alternativas bem mais ousadas que as feitas atualmente.
Durante quase uma hora, Sérgio destacou a necessidade da parceria com o torcedor. "Temos que tratar o torcedor como o investidor em uma empresa. O torcedor é o motor do clube e esse canal de interação tem que ser cada vez mais aberto, mais transparente, mais próximo", destacou. Sérgio, inclusive, pretende por em prática ações como as que o ex-presidente e já falecido Felício Brandi fazia. "O Felício foi um grande presidente e ele realmente ia até as escolas, falava do Cruzeiro, dava material escolar do Cruzeiro. Ele cuidava do torcedor do futuro, tinha essa visão. Hoje vejo que essa aproximação se dispersou e precisamos trazer o torcedor para perto de nós, ele é aquele que põe dinheiro no clube, que impulsiona os atletas e que é a existência do clube. Tem que haver essa aproximação para que consigamos nossas metas", falou. O candidato ainda mencionou que é preciso haver ousadia no clube, principalmente com auditoria financeira, investimento correto na base, revelação de novos valores e uma gestão mais eficiente, longe da intuição e focada na questão técnica.
Sérgio Rodrigues salientou ainda que as metas são os títulos: "Não podemos prometer que vamos vencer, mas podemos dizer que vamos usar de todos os meios possíveis para conseguí-los. Fazemos um trabalho visando o longo prazo, inclusive o centenário do clube, em 2021".
Sérgio Rodrigues terá como adversário o empresário Wagner Pires, de 76 anos, apoiado por Gilvan de Pinho Tavares e por um dos ex-candidatos ao cargo, Márcio Rodrigues.
Confira outros tópicos abordados:
Oposição à candidatura
"Hoje há apenas dois candidatos. O Márcio (Rodrigues) desistiu em razão de um projeto pessoal. Mas pelo que apuramos, quem estava com ele, vários estão, agora, conosco, pois sequer foram comunicados dessa decisão".
O cargo e os planos
"É um sonho de milhares de cruzeirenses e a pressão por título é boa, no meu modo de ver. A gente vai buscar esses títulos. E queremos a presença do torcedor. Vamos voltar a encher o estádio, com planos para torcedor de baixa renda, querendo sempre o estádio lotado. Queremos oportunizar a presença do torcedor. Queremos que ele participe com a gente. E vamos fazer planos de sócios, com os do interior e do exterior. Queremos que o torcedor fique e vamos ver possibilidades para que isso aconteça, como uma moeda à parte para utilizar em outros programas de fidelidade Estamos permanentemente estudando alternativas. Quanto ao clube, especificamente, temos que investir em infra-estrutura, principalmente nos processos, nem tão no pessoal. E falo isso quanto ao Departamento Médico. Há pessoal competente, mas na estrutura que temos. Com o maquinário certo e processo certo, se não tivermos com os resultados, aí pensaremos na mudança de pessoas. Mas acredito, hoje, que seja por questão de processo, não de pessoas".
A influência dos irmãos Perrella na gestão
"Se eles quiserem ajudar, será de muito bom grado, pois já ajudaram muito o Cruzeiro. Não acredito que queiram cargos e voltar ao futebol, mas são pessoas importantes na história do clube que se quiserem colaborar, serão bem-vindos".
O Maior de Minas
"Na minha sala tem mais troféu que no nosso rival na sala de troféus dele. Não podemos ser somente o Maior de Minas. Temos que voltar a ser o Maior Clube do Século XX. O Cruzeiro não tem que disputar oitavo, nono lugar. Tem que disputar nas cabeças.
Treinador, equipe e estádio
"Não vou falar sobre pessoas específicas. Para mim, a função da diretoria estatutária é blindar o grupo. Quem está lá dentro tem que proteger o grupo da política externa. O presidente tem que aparecer nos momentos ruins. Nos bons, aparece treinador, jogador. Hoje a gente vê o contrário. Na crise, o presidente some". Quanto às preferências, eu não vou falar agora, até para não influenciar no andamento do grupo. Mas serão pessoas competentes, que terão amplos poderes em suas áreas. A gente tem uma noção, mas o departamento técnico tem sua força. Para isso temos a comissão técnica, diretor de futebol, analista de desempenho e de mercado, que terão voz no clube. Não irei discutir a parte técnica e ouvirei bastante cada um em sua área. Quanto ao estádio, acho que temos o Mineirão, que é nossa casa, e não trato um estádio como algo urgente. Mas, obviamente, caso apareça um projeto e um investidor, é algo que podemos pensar. Hoje não é uma plataforma, Acho que podemos ter uma conversa melhor com a Minas Arena e fazer com que nossa parceria seja mais vantajosa".
Primeiras ações quanto às finanças e base
"Endividamento de R$ 180 milhões nos últimos anos. O Cruzeiro nunca teve processo na Fifa e hoje tem quatro. Não saber gastar é chegar nesse ponto que chegamos. E temos que fazer auditoria para saber qual a linha de trabalho que deveremos seguir. Temos que gastar de forma eficaz, com olho na base e de forma correta. O Cruzeiro é um time que tem que ser formador, tem que dar oportunidades aos atletas formados aqui e ter uma gestão qualitativa. Vamos trazer atletas, mas temos que valorizar o que temos já no clube, em formação. Ano passado se investiram R$ 20 milhões e não tivemos resultados. Temos que estruturar, pagar bem os profissionais e saber investir. É importante ter funcionários técnicos ganharem bem. Não completamente contra a contratação de jogador em último ano para a base. Não concordo com a atual política do clube".
Alegações finais
"Eu me sinto preparado. Fico à disposição para um debate com o outro candidato (Wagner Pires) para debatermos as ideias. Não há mais intuição no futebol. Tem que se aliar teoria e prática. O que sempre procurei fazer foram cursos, aqui (Minas Gerais), na CBF, no exterior, tenho nove anos de experiência dentro do clube, dois deles no futebol profissional, visitei vários clubes, estudei o funcionamento de bases no Brasil e no exterior e queremos fazer com isso com uma equipe grande, atuante e competente. Temos a intenção de convocar uma grande gama de empresários para discutir a gestão do clube de forma vitoriosa. Temos o apoio de dois grandes ex-presidentes (Zezé e Alvimar Perrella), que trouxeram glórias ao time, e queremos uma gestão descentralizada. É o caso do presidente perder o poder? Sim. Mas isso é necessário. Temos que conseguir chegar aos nossos objetivos, os títulos, com uma equipe competente, cada um em sua área. Não podemos gastar o dinheiro do torcedor de forma errada. Não tenho dúvidas que minha chapa é a mais preparada".