segunda-feira, 27 de março de 2023

Análise: o primeiro setor a ser acertado precisa ser a defesa



O Cruzeiro precisa ser ajustado, inclusive com os reforços que irão chegar. Dois ou três atletas deverão chegar na próxima janela de transferência, que passou para o dia 20 de abril. Até lá, o técnico Pepa poderá analisar o grupo, ver as deficiências e buscar tirar o máximo dos jogadores.

O time, num todo, desagradou até aqui. Diferente de 2023, o time perdeu coesão, os atletas parecem perdidos e o excesso de improvisações deixaram a torcida de cabelo em pé. Atacante de ala, volante de zagueiro, lateral de zagueiro e time sem armação foram as maiores críticas.

Essa desorganização tática fez com que o Cruzeiro, durante o Campeonato Mineiro, fosse um time confuso, que além de não ter casa, fez uma campanha desastrosa, a pior entre os quatro semifinalistas, sem vencer nenhuma partida como mandante, se é que pode ser chamado de mandante em algum momento.

A defesa, um bate-cabeça danado. Média superior a um gol por jogo, o que mostra completo desequilíbrio. E é aí que Pepa entra: precisa acertar o setor e, posteriormente, os demais. Time com jogador atuando em cada função que sabe, sabendo sair jogando, tocando bem, marcando forte, criando e finalizando com eficiência.

Eficiência, aliás, foi uma marca de 2022, que foi embora junto com os 22 atletas que saíram. Quem chegou não deu liga até aqui. Culpa de Pezzolano? Da diretoria? Dos próprios jogadores? De todos? Certo é que Pepa vai ter trabalho. O elenco não é essas mil maravilhas que ele disse na sua primeira entrevista coletiva, não vai brigar por título de Copa do Brasil e precisa, urgentemente, de acertos táticos e técnicos para não fazer feio na Série A. Por sua grandeza e tradição, o Cruzeiro que o torcedor que ver é outro. Nã precisa ser o elenco galático, mas precisa ser um time brigador.

JOÃO VITOR VIANA


terça-feira, 21 de março de 2023

Análise: Pepa é uma aposta, como seriam todos os demais



Quando Paulo Pezzolano apareceu como treinador do Cruzeiro, muito torcedor quase arrancou os cabelos. Quem é? Perguntavam-se. 14 meses depois, muitos desses que falaram isso, praticamente choram a saída do comandante. Chega Pepa, treinador tão desconhecido quando seu antecessor, que chega com a mesma desconfiança. Dará certo, como deu Papa na Série B? Só o tempo dirá. Julgar por antecipação é um erro. De antemão, o que se pode dizer é: trata-se de uma aposta. Nada além disso.

Pepa chega com um discurso leve e até agradável. Treinador que precisa, sim, melhorar seu números como técnico, mas que nunca esteve num time brasileiro. Aliás, quando Ronaldo chegou e adquiriu a SAF, o nome dele foi um dos comentados à época. Como o brasileiro tem memória curta, poucos se lembram. Pepa, já naquele momento, era um dos cinco nomes que o grupo de Ronaldo queria. Agora fez-se realidade.

Pepaa chega sem conhecer muito o elenco montado por Pezzolano. Aliás, não se sabe - Pedro Martins desconversou - se Pepa deu aval para alguma contratação nos últimos dois meses, quando as conversas foram iniciadas. Há quem diga que ele deu "ok" para Luciano Castán chegar. Treinador que dificilmente jogará no 3-5-2, uma vez que nunca adotou esse esquema como padrão, fica a pergunta: Reynaldo sairá? E Lucas Oliveira? Se manterá? Quais os reforços que chegam? Estão falando até de goleiro do Santa Cruz. Será?

No "terreiro" da especulação, nada de concreto, nem mesmo como Pepa pretende trabalhar esse grupo, seja técnica ou taticamente. O certo é que a aposta de Ronaldo e sua turma está no treinador português que Pezzolano afirmou que fará um trabalho melhor que o seu. Vamos aguardar.

O Cruzeiro precisa se reforçar. Não adianta Ronaldo pedir calma, falar isso ou aquilo, dar presente a apresentador de TV uma camisa com o nome. Isso não manterá o clube na Série A. Trabalho, elenco e um estádio, sim. Aliás, Ronaldo precisa definir a casa do Cruzeiro em 2023. Até aqui estamos vendo apenas conversa fiada, estamos jogando todos os jogos fora (Independência nunca será a casa do Cruzeiro) e isso tem refletido no número de sócios, que já está se aproximando de ficar abaixo de 50 mil. É isso que Ronaldo quer? Se não se aproximar do torcedor, se não tiver a sinergia de 2022, as coisas não tendem a ficar boas.

O Cruzeiro precisa de ter um lugar para chamar de seu. Não é o Independência e tampouco Sete Lagoas, um estádio que não serve para Série Z. É um pasto que disseram ser possível jogar futebol, mas até os cavalos devem preferir os estábulos a por as patas por lá.

Pepa chegará e terá um tempo pequeno para preparar e implantar sua filosofia. Será um novo Abel Ferreira? Um novo Mister? Se for um Pepa, mas competitivo, já está de bom tamanho. É isso que o Cruzeiro precisa em 2023. Até aqui foi presa fácil, foi apático, não deu liga, gastou errado e não tem identidade nem campo. É preciso de um orientador fora das quatro linhas para ser o gestor desse incêndio, que foi iniciado, muito por inércia diretiva. Hora de mudanças e hora de resultados. 


JOÃO VITOR VIANA

domingo, 19 de março de 2023

Pezzolano anuncia saída. Preocupação do torcedor ao perder seu pilar



O Cruzeiro foi remontado baseando sua filosofia na intensidade. Foi assim em 2022, quando o Cruzeiro montou uma equipe competitiva sob a batuta de Paulo Pezzolano, que confirmou, neste domingo (19/3), sua saída do clube.

Em entrevista após a derrota para o América, ele disse que não estava 100%, que esta decisão já estava tomada, mas que a conversa foi de terminar o Campeonato Mineiro. "Há seis anos não tenho férias. Quero levar meus filhos para a escola, descansar, pensar e desfrutar da família. Hoje, minha saída é o melhor para o Cruzeiro".

"Esta comissão técnica trabalhou muito e foi excelente. Não poderia ser melhor. Queria ganhar os jogos, os últimos principalmente. Ficou um sabor amargo por essa eliminação. Hoje saímos, mas deixamos um elenco com jogadores que cresceram muito. E isso é o mais importante", disse. "Terminamos muito cansados no ano passado. Por mim eu ficaria 10 anos no Cruzeiro. Mas para isso é preciso estar 1000%. Quando isso não está, a questão mental não ajuda, é preciso sair".

Pezzolano ainda falou sobre sua substituição. "Seria muito atrevido da minha parte sugerir quem ficasse em meu lugar. Cada um faz seu trabalho. Eles sabem bem o que fazer. Tudo que fizemos aqui foi o melhor para o Cruzeiro e espero que esse elenco fique bem, joga bem e certamente será bem representado", falou. Quanto ao elenco, Pezzolano falou que o grupo ainda não chegou a estar 100%. "Foram jogadores que ficaram muito tempo sem jogar. William não jogava há dois anos. Eles são muito competitivos. Mas é um elenco que vai competir até o último segundo e que vai se entregar 100%. Quem chegar vai ser melhor que eu para a equipe", declarou.

E o torcedor? Foi pego de surpresa. Ninguém é maior que o clube, nem Ronaldo é. Contudo, a paixão é o que move o time, o grupo e por mais que tenha problemas fora de campo, dívidas a estourar, o time precisa render em campo. Não passou no teste do laboratório. E vai precisar passar num teste bem maior que chega em 28 dias. 

Pezzolano deixa uma boa história no Cruzeiro. E quem chegar vai precisar recolocar esse time para jogar. No papel não é ruim, mas pode ser muito melhor. O time de 2022 deixou saudade, mesmo sendo mais módico. Era um time encaixado. O time atual está tentando colocar um quadrado num buraco triangular.


Análise: O melhor Cruzeiro da história precisa de paixão, não apenas por critérios empresariais

O Cruzeiro tem uma dívida enorme, uma herança maldita das últimas quatro gestões principalmente, mas está muito longe de ser um time. 10 partidas pelo Campeonato Mineiro e um desempenho bem fraco, mesmo sendo um laboratório. Trocaram um time inteiro de um ano para o outro e, em 2023, não deu liga. Os objetivos são módicos, mas não dá, por enquanto, nem perto de que conseguirá cumprir.

O Cruzeiro tem controle da bola, posse, mas não é eficiente. Chuta e não faz. Com defesa fraca, vira presa fácil para.o adversário. Não ter insistido com Zé Ivaldo e outros atletas defensivos, cito Willian Oliveira, foi besteira. O Cruzeiro de 2022 faria um papel bem melhor no Mineiro desse ano, inclusive. Mais barato, era eficiente e tinha sinergia com a torcida. Aliás, também tinha um campo, o que agora deixou de ter, por birrinha e briga de bastidores com a Minas Arena. Sem casa, sem capitão (Rafael não serve para a função), com zagueiro jogando de lateral, volante de zagueiro e atacante de ala, o Cruzeiro é um time que corre errado, marca mal, dá espaço e não vence. O Cruzeiro, como mandante, não venceu nenhuma. E como visitante nem foi tão bem.

A saída é a saída de Pezzolano? Não. É de humildade. Ronaldo disse esses dias que esperava fazer o Cruzeiro "o maior da história". Mas não vai fazer se não tiver paixão. Esse negócio de papinho de gestor, falando que o critério para se contratar é esse, aquele, é para "inglês ver". Contrataram Wesley por R$ 16 milhões... e aí? O que esse ser fez com a camisa do Cruzeiro? E essa zaga? Média de um gol por partida, 12 pontos em 30 disputados e um desempenho abaixo,

Ronaldo precisa ter paixão. Precisa ouvir a torcida, sentar com a Minas Arena e jogar no Mineirão. Fazer logo essa assembleia de credores e definir os pagamentos. Conversar com os jogadores, o treinador e fazer um projeto a médio e longo prazo. O torcedor pode não ter a paciência necessária, mas ninguém tem sangue de barata de ver Juan Christian como solução ou Bilu como reforço. O time não tem campo, não tem zaga, parece querer derrubar o treinador e o gestor precisa ser presente.

Critérios empresariais não servem para a Série A. E se não mudarem a filosofia de gerir o elenco, o grupo, as contratações, a Série B poderá voltar a ser uma realidade. E isso ninguém quer.


JOÃO VITOR VIANA

terça-feira, 14 de março de 2023

Análise: Cruzeiro é o nítido caso de consertar o carro com ele andando


O Cruzeiro foi remontado para 2023 e ainda não deu liga. Contratou 17 jogadores - o volante Richard foi anunciado nesta terça-feira (14/3) e vai sendo um carro sendo consertado com ele andando. Para o Campeonato Mineiro, no papel, o time é mais forte mas, em campo, nota-se muita fragilidade, principalmente defensiva, posicionamento e qualidade técnica em passe, criação e finalização.

Jogadores como Gilberto, Rafael Cabral, Neto Moura são importantes e base do time. Contudo, precisam de atletas que consigam fazer do grupo um time de verdade. Chegaram Marlon e Richard, que podem melhorar o desempenho, mas ainda longe de ser um primor de elenco.

Tem o pior elenco da Série A? Certamente não. Mas nome não ganha jogo. Se fosse por isso não teria caído em 2019. Dessa forma, Pezzolano precisará de muita astúcia, foco e poder sobre o time, que em campo está abaixo do esperado e que se espera bem mais no Brasileiro. E olha que o Mineiro é de um nível técnico absurdamente baixo.

JOÃO VITOR VIANA

quarta-feira, 8 de março de 2023

Análise: Torcida precisa entender a estratégia do clube. Por agir com coração e clubismo, fora os ilícitos, que o Cruzeiro chegou ao fundo do poço



A torcida vai sempre querer ver, em campo, um time forte, com jogadores renomados, de salários astronômicos. Uns vão dizer: "Deve um bi, deva dois!". Mas não é bem assim que funciona, ainda mais um clube que se tornou SAF.

O Cruzeiro, hoje, é um clube que pertence a uma pessoa, que faz daquilo um negócio. Ou seja, não é do interesse dele que o próprio investimento seja desvalorizado. No futuro, possivelmente Ronaldo vai passar o bastão, vai vender o time e ele vai querer um lucro em cima daquilo que vai investir.

Alguns torcedores vão falar: "Mas ele não pôs um centavo no time!". Como assim? Pagou dois transfer ban, vai ter que pagar outras dívidas herdadas de gestões passadas, paga a manutenção de dois centros de treinamentos e o salário dos atletas, inclusive do futebol feminino. Lógico que ele está pondo dinheiro. Mas está fazendo aquilo que o grupo dele entende como correto no momento. Afinal, nem a Assembleia de Credores aconteceu. O Cruzeiro precisa dar resposta aos mais de R$ 500 milhões que deve a jogadores e funcionários passados. 

Como dar uma resposta coerente, principalmente que precisa parcelar a longo prazo, uma dívida desse tamanho e trazer atleta que ganha R$ 1 milhão por mês? São coisas que não batem. Tem torcedor que quer um time ressurgindo das cinzas, propondo que Ronaldo saia, que uma 777 da vida chegue e jorre dinheiro no clube, queimando, sem problema, o investimento.

Tem que haver calma. Como foi dito aqui mesmo no Blog, o Cruzeiro precisa e vai contratar. Está chegando Richard, Marlon e outros vão compor o elenco. Pessoal esquece que saíram 22 jogadores que compuseram o elenco do ano passado. Para tudo há a necessidade de tempo, entrosamento e balisamento de pensamento do treinador para com os atletas. Por mais que a Itatiaia faça campanha contra o Pezzolano, por mais que comentaristas da Globo torçam contra, por mais que a FMF faça de tudo para o Cruzeiro se ferrar, o torcedor precisa confiar, sobretudo, no que Ronaldo está fazendo. Erros vão acontecer, mas se a torcida ficar alheia ao clube, tudo vai ruir. 

Se tem torcedor pensando em ir à Toca da Raposa cobrar, ou fazer faixa em estádio exigindo isso ou aquilo, calma. Não está encaixado ainda, realmente o clube está devendo, mas há tantas coisas em bastidores para serem resolvidas, que é preciso que sejam consideradas. Não é fazendo o "advogado do diabo", mas se não fosse o Ronaldo, o Cruzeiro estaria num buraco sem fim. Isso se não tivesse acabado.

Cobrem do senhor Wagner Pires, do senhor Gilvan, do senhor Perrella, do senhor Sérgio Rodrigues. O torcedor esquece quem levou o Cruzeiro para a sarjeta. E para se reerguer é preciso planejamento, comprometimento e investimento. Nesta ordem, inclusive. Torcida precisa entender a estratégia do clube. Por agir com coração e clubismo, fora os ilícitos, que o Cruzeiro chegou ao fundo do poço. 

Assim como em 2022, a torcida precisa abraçar o time. Ser o 12º jogador. É isso.

JOÃO VITOR VIANA

segunda-feira, 6 de março de 2023

Análise: É preciso melhorar muito. Até aqui o time não deu liga



O Cruzeiro de 2023 ainda não dá esperança de um bom ano, como foi em 2022. Partidas sem inspiração, resultados nada animadores e um receio de passar perrengue durante a temporada. O time ainda não deu liga e, claramente, precisa se reforçar. Quem veio ainda não foi o suficiente para que o grupo se mostrasse forte e nos testes que teve, não saiu como deveria.

O time está em reconstrução? Sim. Tem uma dívida imensa? Sim. Mas assim como todo o clube, se não tiver investimento, não tem retorno. Não é sempre que o time será moldado à base do bom e barato. Os clubes concorrentes na temporada também estão investindo, fazendo aportes e se reforçando. A mentalidade não pode ser a mesma de 2022, ainda que haja todo um problema de bastidores.

Para piorar, o Cruzeiro não tem um campo fixo. Contra o América mesmo o jogo será na porcaria do campo de Sete Lagoas. Estaria aí uma desculpa para um tropeço? Por que não jogar no Melão, em Varginha? O Cruzeiro não criou a mesma sintonia com a torcida esse ano, não vemos o sócio bombar e só vislumbramos mesmo a permanência. 

Sem vencer nenhuma partida como mandante, o Cruzeiro precisa, primeiramente, de pertencer a algum luar. Será no Independência? Então esquece o sócio. Com cerca de 61 mil, o clube não vai passar disso. Talvez diminua, uma vez que o Independência só comporta 23 mil torcedores. E mais: precisa contratar. Um zagueiro, um volante e um armador é o mínimo exigido. E precisam ser jogadores que cheguem para serem titulares! Nada dessa de disputar posição.

Na Série A, o buraco é mais embaixo. E Ronaldo precisa tirar o escorpião do bolso. Isso vale para o pagamento das dívidas que herdou dos calhordas passados, que podem levar ao transfer ban em algum momento, e também para a manutenção da equipe na elite do futebol. Dos times que subiram no ano passado, o Cruzeiro é um dos que está preocupando. Mas ainda dá tempo de inverter isso e ter uma temporada pelo menos razoável.

JOÃO VITOR VIANA