terça-feira, 3 de setembro de 2024

Saída do Seabra é uma discussão inócua. Entenda!



Vários são o grupos de WhatsApp que ficam debatendo, apontando isso, aquilo sobre o Cruzeiro. Já há algum tempo, a saída do técnico Fernando Seabra é uma das principais discussões. Sinceramente, não faz sentido.

Eu mesmo, por alguns momentos reconheço que o caminho estava ficando bem torto. Passar um mês inteiro sem vencer no Brasileiro é um absurdo, principalmente quando os adversários, em sequência, não eram tudo isso. Ver escolhas ruins, como por Ramiro e Lucas Silva no mesmo time, Zé Ivaldo de lateral e diversas outras bizarrices irritaram. Os resultados, inclusive, não vieram.

Contudo, veio uma classificação na Sul-Americana contra um time tradicionalíssimo, o Boca Jrs., ainda que após um segundo tempo fraco. Contra o Atlético-GO, o Cruzeiro deu muito espaço e só não levou mais gols por ruindade do adversário. No entanto, considerando uma série de fatores, é perciso dar crédito não apenas ao técnico, mas ao time e à direção.

Há várias pessoas questionando Alexandre Mattos, Pedrinho e cia. também. Movida por uma paixão imensa, a torcida, por vezes, é cego. Quer algo perfeito num muito totalmente imperfeito. Uma fase ruim acontece com o melhor e com o pior clube; com o melhor e o pior jogador. Matheus Pereira, que voou boa parte do ano, oscilou junto com o time, principalmente nos últimos jogos. Coincidência? Talvez. Mas sem seu melhor atleta bem, o Cruzeiro também tende a cair de rendimento.

Além disso vieram lesões. Dinenno e Japa só voltam em 2025. Verón e Lautaro devem voltar só no próximo jogo, após um tempo fora. Além disso, Arthur Gomes está de malas prontas para a Rússia e alguns atletas também caíram de rendimento.

Seabra tem que buscar, dentro do elenco, as soluções, o que muitas vezes não tem. O clube não possui, hoje, um lateral reserva. No último jogo, Dorival, da base, foi selecionado. Aliás, eu o teria colocado contra o Internacional. Vi várias partidas dele no sub-20 e tem muito potencial. Quando olha para o banco, Seabra se vê com Lucas Silva e Romero. Japa, uma solução melhor, se machucou e não joga mais no ano. Quem sabe Jhosefer nã vire uma opção também?

Falando em base, não entendi porque Tevis foi chamado para compor o grupo e Kenji não. Com números fabulosos em 2024, o filho do ex-jogador Kleber (lateral-esquerdo que passou por Santos, Corinthians e Inter) tem feito bonito na base. Além disso, devido às lesões, o Cruzeiro bem que podia trazer João Pedro de volta. Atacante veloz, seria uma boa opção no atual momento do clube, que não vai mais se reforçar até o fim do ano.

Dessa maneira, Seabra se encontra com uma série de fatores. Por muitas vezes tomou a decisão errada. No entanto, o Cruzeiro está em quinto e pode, em breve, entrar no G-4. A torcida precisa estar ao lado, parar de pedir a cabeça desse ou daquele. Desde 2022 estamos em reconstrução e, agora, o presidente é alguém apaixonado. O trabalho de Seabra será avaliado ao final do ano. Em 2023, o ex-diretor de futebol, que me recuso a falar o nome, preferiu pel saída de um técnico que, ao lado de Autuori, tirou o Cruzeiro do risco de queda e, ainda, classificou para a Sul-Americana. 

Torcedor tem que ter uma memória mais longa e parar de querer imediatismo. Futebol não é mágica e não se transforma a água em vinho. São processos. E o Cruzeiro está no caminho. Precisa, sim, de ajustes, de convicções, de consciência tática e mais eficiência e intensidade. E outra: se hoje estamos brigando na parte de cima da tabela, muito se deve ao trabalho da gestão, tanto do futebol quanto de vestiário. É preciso ter paciência. Não estamos no Z-4.


POR: JOÃO VITOR VIANA

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