POR: JOÃO VITOR VIANA
A questão é que ficou a imagem que o dirigente estava ali por pressão da cúpula celeste, manifestamente incomodada com a repercussão que tomaram as palavras de Benecy. Nas redes sociais, boa parte da torcida do Cruzeiro achou inadmissível o que fora falado, exigindo a demissão por justa causa do funcionário, opinião que este blog também tem.
Depois do pronunciamento de Benecy (que leu, e mal, um pedaço de papel), que tentou desmentir tudo, a história ganhou ainda mais um tom de verdade. Não só passou a ideia que ele estava obedecendo orientações internas, que era para desmentir tudo, como, pela forma que falou, claramente mostrou ter "cagado", por entender que aquilo não teria a repercussão que teve. Foi um depoimento patético, que acha que torcedor, imprensa e autoridades são bobas e de memória curta. Que se investigue e se puna, se for, de fato, verdade!
O Cruzeiro é muito grande e não precisa de árbitro para ganhar nada. Aliás, não é grande, é gigante. A gente não precisa apagar luz de estádio para não ser eliminado de forma vexatória. Assim como não precisamos ser amadores e ridículos para comprar árbitro. Dizer que foi entrevista descontraída? Não foi. Até porque deixou transparecer, no próprio depoimento de ontem, que a "mala branca" é normal, pois "os clubes pequenos precisam de dinheiro". E, quem viu o pronunciamento, observou a cara de "poucos amigos" de Guilherme Mendes ao final, quando recebeu o papel lido por Benecy. O pronunciamento, afirmo, mais pareceu, aí sim, um causo criado. Infeliz entrevista, infeliz pronunciamento e o que mais me espanta: a pressão dele aumentou de uma hora para outra. Antes disso estava tudo ótimo. Estranho, né? Para mim, quem recomendou o afastamento dele não foi médico algum, mas o próprio presidente Gilvan.
Um dirigente tem que ter o discernimento para saber que uma palavra sua, hoje em dia, principalmente levando o nome do clube em que trabalha, tem proporções inimagináveis, principalmente por causa da Internet. E por mais que o programa não tenha muita audiência, basta que um veja e propague a notícia. E aí vira o "boom" que virou.
A diretoria do Cruzeiro, por meio do presidente Gilvan, deverá se pronunciar em breve,
segundo informou o vice-presidente de futebol, Bruno Vicintin.
Como foi informado aqui nesse BLOG SITE, que sempre prima pela informação correta e analisa a notícia com opinião de torcedores, Bruno se esquivou. Mas informações dão conta que o presidente Gilvan ficou muito irritado com o que disse Gilvan, cogitando, de imediato, afastá-lo de suas funções. Em pronunciamento à imprensa, disse que diminuiria o ritmo, por questões médicas. Se é ou não verdade, não sabemos. Mas que ele foi informado que deveria esperar a poeira abaixar para voltar à ativa... isso foi.
A demissão do funcionário não chegou a ser cogitada, segundo informações. Isso porque foi levado em conta toda a história que ele tem no Cruzeiro, em mais de 40 anos de função no clube. Se fosse novato, como era Isaías Tinoco, fatalmente teria sido convidado a se retirar.
Eu penso que a imagem do clube ficou manchada por essa declaração infeliz. Todo o esforço que o Cruzeiro faz, há décadas, pois é, sim, prejudicado pela arbitragem, passa a ser questionado e ganha um tom até jocoso. Benecy Queiroz, querendo ou não, queimou a imagem do Cruzeiro diante da torcida, da imprensa e dos rivais de Série A. Se presidente fosse, não levaria em conta os anos de trabalho desse senhor. Ao contrário, mostraria para todos que ninguém ali está para brincadeira e que corrupção é coisa séria.
A diretoria ficou incomodada. E a torcida também. E continuamos querendo ouvir o que vai falar o senhor Gilvan de Pinho Tavares, que sempre se mostrou íntegro e honesto. Manter pessoas que não colaboram com a boa imagem do clube é um erro crasso. Ano passado a torcida exigiu a saída do Tinoco, profissional de péssima qualidade por sinal. E agora pede a saída de outro. Que a torcida ganhe, novamente, a queda de braço. Porque ficou muito incômoda a situação que esse senhor deixou todos nós.