quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Jornalismo pelo jornalismo (2)

Gostaria de ratificar o que escrevi ontem e foi publicado no PQN.

A crítica à cobertura esportiva em Minas Gerais, mais especificamente em Belo Horizonte, foi tratada de uma forma geral. Não foi especificado um determinado órgão, determinado jornalista... foi apenas um modo de ver as coisas de fora, uma crítica de alguém que quer um jornalismo de melhor qualidade, com melhores profissionais.

Quanto às escolas, elas sim, ainda engatinham quanto à orientação dos alunos. Seja em uma cobertura para jornal, seja para tv, rádio, internet... Pelo menos a maioria não prepara os seus alunos como deveriam. Isso é fato. Mas não está aí a crítica ao jornalismo especializado em esportes.

Quanto à propagação de outros esportes que não o futebol, concordo plenamente. Deveria acontecer. Graças a Deus e aos atletas do volei, esse esporte passou a ser também conhecido e admirado pelos brasileiros. O tênis, há alguns anos, também foi, uma vez que o Guga estava no auge e levou o nome do Brasil ao topo mais alto do mundo. Mas a crítica que eu fiz também não está aí. Gostaria, inclusive, que esses esportes tivessem mais espaço na mídia, assim como F-1, atletismo, natação, futsal, basquete. Mas minha crítica vai além.

A crítica se baseia no fato da cobertura esportiva ir além do que ela realmente deve e não realizar aquilo que lhe é devido. Tem muito 'jornalista' que não vai atrás de notícia, que espera sentado em sua cadeira os releases de assessorias de imprensa para apenas editarem - muitas vezes porcamente - e publicarem. Já ouvi muito jornalista em cobertura esportiva perguntar "Alguém tem algo para mim?" e isso, falando a outros jornalistas. Muitos querem as coisas de 'mão-beijada', não correm, não se esforçam, não fazem o que é lei no jornalismo, que é investigar, apurar e, depois, divulgar com propriedade.

A crítica também está centrada na cobrança indevida do público, que não se manifesta diante de uma mentira publicada e na cobrança do chefe de redação ou gerente geral do veículo que não cobra uma postura maior do profissional que é pago para ir atrás da informação. Não de ficar sentado na cadeira, tomando café, batendo papo no MSN e contando piadinhas. Jornalismo é coisa séria. Deve ser feita por profissionais sérios para que seja valorizada e volte a ter força. Tem muito jornalista apadrinhado empregado hoje. Gente que tira lugar de potenciais jovens ou de outros que não tem força ou indicação forte para entrar e mostrar serviço. Jornalismo não pode ser tratado como uma coisa qualquer. A chamada quarta força está ficando fraca há tempos. A indignação quanto a isso é grande. Cansei de ouvir rádio à tarde falando bobagens sobre futebol. Não consigo ler a editoria de esportes de alguns jornais devido à redação ser mal feita, texto ruim e o assunto completamente inócuo e sem sal.

Nunca fui e nunca serei um revolucionário. Mas é por ter espaços como esse, uma newsletter que vai para todo o Brasil para poder escrever e mostrar o que sentimos diante da nossa profissão. Graças a Deus sou um profissional que prima pelo caráter, pela justiça e pela ética. A todo momento busco melhorar como cidadão e como jornalista que sou, formado há quatro anos e com passagens por grandes órgãos. Sei que o mercado é fechado. Mas é fechado muitas vezes por esse mesmo mercado não ter a capacidade e nem a audácia de receber novos profissionais, novas mentes, jovens mentes.

Não falo isso porque estou na luta por um lugar ao sol. Não só por isso. Não é de hoje que os próprios jornalistas não valorizam a si próprios, que não se esforçam como deveria ser. Logicamente não são todos. Aliás, Belo Horizonte e Minas Gerais têm excelentes profissionais. Mas também têm esses ruins. E é deles que estou falando. Não é demais pedir para um trabalho ser sério. Assim como estou em busca de mostrar o meu e, para isso estou fazendo cursos, passei tempos no exterior para aprender inglês, muitos profissionais também deveriam se aperfeiçoar, tentar melhorar a todo tempo para dar o retorno esperado ao público e aos veículos que trabalham. Mais que respeitar o público e o órgão onde trabalham, ser um bom profissional é respeitar a si mesmo e também a profissão.

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