segunda-feira, 8 de abril de 2013

MATÉRIA QUE A GALOPRESS NÃO DIVULGA

Atlético-MG: compra de equipamentos com verbas públicas, em 2009, chega à Polícia Federal

No início de 2009, Bebeto de Freitas — ex-presidente do Botafogo — assumiu a diretoria de futebol do Atlético-MG a convite do presidente Alexandre Kalil. Logo que chegou, organizou a compra de equipamentos de ginástica com verbas da Lei de Incentivo ao Esporte. O Galo aplicou R$ 510 mil em aparelhos de musculação comprados de duas empresas. Com um problema: a negociação foi alvo de denúncia ao Ministério Público, que levou o caso à Polícia Federal, em 29 de junho de 2011, por indícios de irregularidades.
 
— Soube da denúncia, mas não busquei mais informações porque já estava sendo investigada pelas partes competentes — admite Fabiano Lopes, ex-presidente do Conselho Fiscal do Galo.
 
Na denúncia, há as suspeitas de fraude, falsidade ideológica e formação de quadrilha, e o Galo é acusado de adquirir os aparelhos de ginástica, com verbas públicas, de forma irregular. Sem participar do processo de concorrência para a venda dos equipamentos, a empresa Technofitness, sediada em Engenheiro Paulo de Frontin, no interior do estado do Rio, recebeu R$ 440 mil do clube, enquanto a carioca Áquila Fitness — efetiva vencedora da concorrência — ficou com os R$ 70 mil restantes. Ambos os valores foram pagos em cheques de conta aberta no Banco do Brasil, exclusiva para os incentivos estatais.
 
— A compra de equipamentos de musculação realmente existiu e com recursos federais. Na minha opinião, existem fortes indícios de irregularidades de ambas as partes (venda e compra), mas não cabe a mim apontá-los — confirma Sandro Juliano, ex-funcionário do Galo procurado pelo Jogo Extra.
 
Já o Atlético-MG informou que os documentos relativos à compra dos equipamentos já foram enviados às autoridades, e que o presidente Alexandre Kalil não se pronunciaria sobre o assunto, relativo ao setor jurídico do clube. Na denúncia, consta que o Galo não possui os originais das notas fiscais emitidas pelas duas empresas — apenas as cópias reproduzidas pelo Jogo Extra, que procurou Bebeto de Freitas em números de celular e residenciais, sem sucesso.
 
Terça-feira, foi solicitada ao Ministério do Esporte a prestação de contas do Galo. A assessoria do órgão garantiu que, até sexta-feira, emitiria um posicionamento — o que não ocorreu.
 
Technofitness: sedes difíceis de encontrar
 
Quando fechou um negócio de R$ 440 mil com o Atlético-MG, a Technofitness contava com seis meses de existência. Nas duas notas fiscais da empresa (assinadas pela mesma pessoa que emitiu a da Áquila), consta um endereço às margens da rodovia RJ-127, que corta a cidade de Engenheiro Paulo de Frontin. O CEP — 26.650-000 — é genérico e não se refere a nenhuma localidade específica. Só pelo número do imóvel, 22.140, foi possível encontrar um local em que a loja pudesse manter uma sede. No caso, uma construção de dois andares, em frente à 98ª DP.
 
O Jogo Extra foi ao imóvel e conversou com uma senhora, dona Zeni, que informou que a empresa, há cerca de quatro anos, alugou uma sala por dois anos, mas saiu após um ano no local. Bons pagadores, não deixaram dívidas.
 
O endereço que consta na nota fiscal, porém, não é o mesmo registrado na Receita Federal. Para o governo, a Technofitness está no quilômetro 18 de outra rodovia que passa por Engenheiro Paulo de Frontin, a RJ-121, na sala 101 do número 9. Só que não existe nenhum imóvel ao longo do quilômetro 18, às margens da rodovia. A única construção, coincidentemente, é a de outra unidade policial — o posto da Polícia Rodoviária de Palmas, na fronteira com o município de Vassouras.
 
— O lugar em que você foi (na RJ-127) é mesmo a sede da empresa. Funcionamos até 2012. Tínhamos clientes no Brasil inteiro, não lembro dos detalhes da venda ao Atlético-MG — afirmou Pedro Alexandre Gama, dono da Technofitness, que desconhece a Áquila e o endereço na RJ-121. — Só se mudaram depois.
 
Ajuda das empresas: O Atlético-MG recebeu cerca de R$ 5 milhões, em 2007 (ainda na gestão do ex-presidente Ziza Valadares), pela Lei de Incentivo ao Esporte (n 11.438, de 29 de dezembro de 2006), que permite repassar um percentual do imposto pago por empresas e pessoas a entidades que invistam na formação de atletas, em ações educativas e de viés social. Assim, o Galo captou recursos do Banco BMG, da Fiat e da estatal Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais).
 
Academia nova: Em 2009, ainda sobrava cerca de R$ 1 milhão da verba pública, e o Atlético-MG abriu concorrência para comprar aparelhos de ginástica. A Life e a Reebok, duas empresas reconhecidas no setor, ofereceram valores entre R$ 360 mil e R$ 380 mil. A Áquila, representada por um vendedor chamado J. Amaral, venceu a disputa. O Galo pagou cerca de R$ 130 mil a mais do que o ofertado pelas outras interessadas.
 
Duplo investimento: A Lei de Incentivo ao Esporte restringe a aplicação de recursos apenas aos projetos devidamente aprovados pelo governo. Em 2008, o Atlético-MG já havia usado verbas para comprar aparelhos para as categorias de base do clube. Depois, usou novamente os mesmos recursos para adquirir mais equipamentos — vistos em várias fotos com jogadores do elenco profissional.

FONTE: JOGO EXTRA

2 comentários:

Oliveira disse...

Pra quem pergunta de onde o CA Mineiro tira tanto dinheiro, as resposta são muitas e aí está mais uma. A imprensa não questiona (os principais são conselheiros do clube)e o Onesto cobra apenas 35% de juros do próprio clube.

Anônimo disse...

Covardes os envolvidos nesta "compra"