Jogo bonito sem títulos X Jogo pragmático com títulos
Por: André Luís Mapa (@andrelmapa; Facebook: André Luís Mapa)
O que é melhor: uma equipe que pratica um futebol lúdico, com toques rápidos e ofensividade, sem títulos ou um time que “joga feio” e é campeão? Nenhum dos dois. No mundo ideal, o melhor seria o campeão, que joga bonito e encanta a torcida. A equipe do Cruzeiro de 2003 é exemplo disso. Há ainda o Barcelona atual, as Seleções Brasileiras de 1970 e 1958.
Entretanto, como amante do futebol me dói dizer isso, a maioria dos campeões não joga um futebol que o destaque como a melhor equipe de forma absoluta. Quem levanta a taça, geralmente, é o time mais equilibrado, competitivo e eficiente. Dos últimos campeões brasileiros ou da Copa Libertadores, qual encantou ou foi considerado um épico? Na minha memória, o último clube a ser campeão nacional jogando ofensivamente é o Santos em 2004.
A história é construída através de fatos. E fato, no futebol, é o campeão. No esporte, vale aquela famosa frase de Ayrton Senna: “O 2º, é apenas o 1º dos últimos”. Alguns insistem que a Seleção Brasileira de 1982, que perdeu a Copa do Mundo, é a melhor de todos os tempos. Pode até ter sido, mas como apontar uma equipe sem títulos como a melhor? Para o povo brasileiro foi melhor ver o “show” sem taça do time de Zico ou o tetra chorado da equipe de Romário em 1994?
É difícil aceitar que quem melhor pratica o futebol em sua essência, na maioria das vezes, não seja o campeão. No caso do Cruzeiro, há quatro anos a equipe toca bem a bola, encanta, joga em velocidade e... perde partidas decisivas. É inegável que a equipe celeste tinha qualidade para ser campeã de boa parte dos torneios que disputou neste período. Falhas individuais, nervosismo e, em algumas partidas, a inteligência dos adversários em se aproveitar dos espaços dados pelo jogo ofensivo praticado pela equipe cruzeirense.
Na década de 1990, período com mais conquistas da história celeste, o Cruzeiro praticava um futebol pragmático: eficiente no ataque, combativo no meio e seguro na defesa. Muitos torcedores reclamam que “o Cruzeiro fazia um gol, se retrancava e ‘passava sufoco’ por todo o resto do jogo”, mas essa filosofia de jogo rendeu cerca de 20 títulos à galeria cruzeirense em apenas dez anos. Uma marca relevante.
Apesar de compreender que os campeões, em geral, são os pragmáticos, é quase impossível não desejar que sua equipe seja a melhor encantando e extasiando a todos. Pois, ainda que arroz com feijão mate a fome, com um bife e umas batatas, tudo fica melhor.
Cabe ao torcedor escolher se prefere se arriscar a vibrar durante toda a temporada com uma equipe que joga bonito e correr o risco de se decepcionar repentinamente no final ou se deseja um time que não o encante, mas que lhe dê um troféu de presente no fim do campeonato. Já que time campeão que joga bonito é um fenômeno raro, que só acontece de muito em muito tempo.
E você, torcedor, o que prefere?
Obs.: Amanhã, a final da Liga dos Campeões põe frente a frente esses dois estilos de jogo: o ofensivo que busca o show contra o pragmático que objetiva o resultado. Barcelona x Manchester United. Jogaço. Espero que o futebol bonito vença e mostre mais uma vez que alguém pode ser campeão jogando um futebol de sonho.
Um comentário:
Por quê quando sou eu que digo ninguém acredita?
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