“Nos gramados de Minas Gerais, temos páginas heróicas e imortais, Cruzeiro, Cruzeiro querido, tão combatido jamais vencido”: essa é a passagem do hino do Cruzeiro que mais me motiva e que gosto. É a parte do nosso hino da qual me faz sentir muito orgulho de ter herdado, de geração em geração na famíli, esse presente de Deus, que é a honra de ter nascido Cruzeiro Esporte Clube. Poder gritar para os adversários que somos constantemente "combatido e jamais vencido” é uma sensação incrível e surreal. Essa certeza que sempre seremos campeões e que nosso time tem uma grandeza inexplicável é um estado de felicidade constante que nos faz morrer por ele. E só nós, cruzeirenses, que sabemos o quanto essas “páginas heróicas e imortais” foram conquistadas com muito amor, honra e raça.
Não é por acaso que só existe “um grande clube na cidade” e sabemos que a “história não mente e jamais vai mudar”. E ser torcedor do Cruzeiro é assumir um compromisso sério com as nossas tradições e história. É não sentir medo ao olhar nos olhos raivosos dos nossos adversários a vontade de ver a nossa derrota, mas enxergar a motivação para as nossas vitórias. E, como um torcedor fiel as esses princípios, sinto-me na obrigação de defender as “nossas páginas heróicas imortais”, para que as futuras gerações de cruzeirenses também tenham o mesmo orgulho e prazer em cantar esses versos do nosso maravilhoso hino.
E a imagem do Cruzeiro resplandece pelo mundo exatamente por ter em seu processo histórico pessoas que assumiram o amor pelo clube contra tudo e contra todos. Pessoas que dedicam ou dedicaram a sua vida para construir a história do grande campeão dos gramados de Minas Gerais. Entre essas pessoas, temos o nosso ilustre ídolo, Felício Brandi, que dedicou 21 anos de sua vida ao Cruzeiro e foi o presidente celeste que impulsionou o crescimento do "Cabuloso" e levou a imagem das Cincos Estrelas para o mundo, fazendo do Cruzeiro mais que um gigante nacional, mas uma "La Bestia Negra".
O amor do Felício Brandi pelo Cruzeiro era tão grande, que ele colocou o próprio dinheiro no marketing do clube para aumentar, não só as receitas do clube, mas a própria torcida. Ao enviar para as escolas materiais escolares e cestas básicas, com produtos com a imagem do Cruzeiro, ele tinha como intenção não só ser solidário, mas conquistar o coração daquelas crianças para o "Papa-Títulos de Minas". Felício Brandi foi visionário para que nós, torcedores de hoje, ostentássemos essa grandeza e conquistas do nosso Cruzeiro, tendo o orgulho de viver cheio de vaidade, pois sabemos que, na realidade, torcemos para um grande campeão.
Pessoas como o Felício Brandi, são como nós, torcedores comuns, pessoas que estão prontas para sacrificar a própria vida pelo o bem do Cruzeiro, pessoas apaixonadas pelo Guerreiro dos Gramados que não foge à luta e que estão prontas para amar o nosso clube loucamente, pessoas que muitas das vezes tiram dinheiro do prato de comida de dentro de casa para irem ao estádio apoiar a nossa maior paixão.
E são torcedores como nós, pau para toda obra, que não abandonam o barco e, como o eterno Felício Brand,i visionamos o futuro. É de torcedores assim que o Cruzeiro está precisando nesse momento, a fim de vencer esse inimigo interno, a crise política que, infelizmente, está desmoralizando a imagem do Maior de Minas e manchando a nossa história perante estes próprios torcedores apaixonados e demais membros da sociedade.
Crise política que nasceu por causa da ganância de algumas pessoas por dinheiro e poder, pessoas que usaram do Cruzeiro para praticar seus crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, abusando do amor e da paixão de torcedores como o nosso pelo Cruzeiro. Dirigentes que, diferente de Brandi, usaram do Cruzeiro para enriquecer, tirando dos cofres do clube em vez de por, como um dia prometeram fazer.
E a motivação de escrever esse texto se deve a essa necessidade de brigar pelo Cruzeiro, mas, infelizmente, não nas arquibancadas. Escrevo esse texto por compartilhar dos sentimentos de muitos cruzeirenses, que estão preocupados com a situação atual do Cruzeiro. Afinal de contas, já são nove jogos sem vencer, o que faz o Cruzeiro se aproximar da pior série de jejum da suas história, quando ele ficou 11 jogos sem vencer, série que ocorreu no ano do 6 a 1 e, àquela época, vocês se lembram bem: lutamos para não cair e, somente no último jogo, contra o mineiro de Vespasiano, escapamos da degola, aplicando essa goleada histórica no ex-rival.
E esses jogos sem vitórias são reflexo do Cruzeiro sair das páginas de esporte para as páginas policiais, por causa de envolvimento dos dirigentes do Cruzeiro em esquema de corrupção dentro e fora do clube. E desde quando a reportagem do Fantástico no dia 26 de Maio foi ao ar, que a vida do cruzeirense virou de pernas para o ar. A reportagem denunciou que a polícia investiga a diretoria por indícios de transações financeiras suspeitas, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro, colocando em xeque toda integridade da diretoria, pois os indícios apontam, sim, que o Cruzeiro está sendo roubado e essa corrupção é um dos principais motivos que tem aumentado a dívida do clube.
E como torcedor sinto essa obrigação e necessidade de expressar minhas preocupações com o momento atual do Cruzeiro. Ainda mais tendo um conselho ineficiente que em vez de fiscalizar as ações da diretoria do clube, parece estar apenas adiando uma situação que deveria ser resolvida com hombridade e integridade.
E lembrando que o maior patrimônio do Cruzeiro é sua torcida e, por ser parte desse patrimônio, sinto que se a torcida não se mobilizar e se envolver politicamente no clube, essa situação não vai mudar. O conselho é omisso e, como foi mostrado na reportagem do Fantástico, tem membros que ganham mesadas da diretoria.
Esse momento é, sim, de união da torcida e de buscar reformulação não só na diretoria, mas no próprio estatuto do clube, Caso contrário, as gerações futuras correm o risco de assumir um Cruzeiro com sua imagem manchada como, por exemplo, um rebaixamento.
Sinto mais que necessidade, mas uma obrigação, a mobilização da torcida para blindar o Cruzeiro e pedir o afastamento da atual diretoria até o fim da investigação dessas denuncias. Ainda mais que o Conselho Deliberativo do Cruzeiro marcou só para 5 de agosto a votação para a possível saída da atual diretoria. Contudo, antes desse dia D, temos confrontos decisivos, que podem mudar todo esse cenário, ou afundar ainda mais o Cruzeiro nessa crise.
E, infelizmente, mesmo que avancemos nos confrontos contra o mineiro de Vespasiano, pelas quartas-de-final da Copa do Brasil e passemos pelo River Plate, nas oitavas da Copa Libertadores da América, esse feito não vai acabar com a crise. Pelo contrário, as classificações só vão abafá-la.
Por isso, o momento da torcida se mobilizar e manifestar contra a atual diretoria é agora. Em possíveis confrontos à frente, tudo será igual. E o que vai nos restar? Se eliinados, brigar para não cair no Brasileiro? Existe uma necessidade explícita de a atual diretoria ser afasta imediatamente pela integridade moral das nossas “páginas heróicas e imortais”. Não só nossa honra que está em jogo, mas o nosso respeito e amor próprio.
Se somos “tão combatido e jamais vencido” não será um inimigo interno que vai nos destruir. No entanto, acredito que o torcedor cruzeirense inteligente como é, vai se mobilizar e pressionar o conselho para afastar os envolvidos nos escândalos imediatamente, ainda mais que o presidente Wagner Pires, após depor na Policia Federal, corre o risco de ser investigado pela entidade. Uma situação que pode levar ele a ser preso a qualquer momento. Ou seja, da noite para o dia podemos ter o nosso presidente preso. Um clube que teve como ídolo e como exemplo para os demais times o eterno Felício Brandi como presidente, não pode escrever em sua história, páginas trágicas e imorais. E é como tomei habito de dizer, "se sobrevivemos ao Dimas Fonseca e ao Paulo Bento vamos conseguir sair bem dos demais perigos". E, nesse momento, só consigo confiar em nós, torcedores, para tirar o Cruzeiro dessa crise.