sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

GERAL: COLUNA DO FLÁVIO ANSELMO

SEM A MASSA CLÁSSICO NÃO É CLÁSSICO.


Flávio Anselmo – 12/2/11

Da geração atual não há quem se lembre do Mineirão lotado, 120 mil torcedores. Entretanto, quase toda ela não se esquece do estádio com redução de público pra 90 mil, depois 74 mil e, finalmente, 60 mil torcedores. Em todos os casos, igualmente lindo, colorido, dividido em duas partes por uma corda no antes da partida e depois por um cordão de policiais de choque, armados de cassetetes elétricos.

De um lado, a Massa alvinegra. Do outro, ali do lado direito das cabines de rádio, a China Azul.

Em boas épocas, ali pelo ano de 1966, os gritos que se ouviam de incentivo, aquecimento das cordas vocais: “Galôôôô”.

A China respondia no mesmo tom “Zerôôôô”. Um colorido de camisas oficiais dos times tornava o Mineirão a ponta de um arco-íris.

O bandeirão alvinegro subia de um lado sob os gritos de “Galo”, e após tal cerimônia subia o bandeirão estrelado, enquanto os torcedores explodiam seus corações aos berros de “Zerôoo”.

As famílias enchiam o estádio: mulheres, crianças dividiam os espaços.

Um dia, começaram as encrencas. Não havia mais camisas de times; só camisetas de torcidas organizadas.

Os gritos de incentivo foram mudados pra palavras de ordem, gritos de guerra. A cerveja sumiu e as drogas apareceram.

As autoridades incompetentes, em nome da segurança, diminuíram os espaços.

Aumentaram a idade pra acesso das crianças. Brigas, mortes, tiros e outros assustadores incidentes afastaram as famílias, as mulheres e as crianças.

Ir ao Mineirão era um risco desnecessário, dentro e fora dele. Assaltos, quebradeiras, arrastões. Senhor Bom Jesus do Galho!

Descobriram os culpados: os pobres, favelados, gente do povo. Então, vamos elitizar o clássico e botar os “arruaceiros” sem dinheiro e condições de gastos no estádio na frente da tevê.

A pá de cal será jogada agora no nosso maior clássico?

Os políticos nas vésperas das eleições demoliram os dois maiores estádios da Capital sob pretexto da Copa do Mundo de 2014.

Atlético x Cruzeiro tornou-se um clássico órfão. Sem torcida. Dos 120 mil ingressos o jogo caiu pra 18 mil. E o pior: vendidos só pra uma torcida; a China Azul.

Como ela fará ecoar seu grito de “Zerôoo” se não haverá a resposta do “Galôôô”?

Como devolver as provocações do bandeirão, subindo o azulão, se do outro lado não haverá rival?

Saudade à parte, nem os técnicos contribuem mais pro charme do grande jogo. Muitas estrelas estarão de fora por picuinhas ou excesso de zelo dos treinadores.

Réver, Diego Souza, Richarlyson, Victorino – lembrem-se que Liedson chegou ao Corinthians e jogou cinco dias depois – Roger, Marquinhos Paraná, Fabrício.

Bem diferente de tempos de ouro do Mineirão.

Ah, me esquecia do mais recente golpe: o clássico não é mais aos domingos ensolarados, final de tarde, após as curtidas manhãs e os almoços nos clubes da Pampulha.

Historicamente, clássico sempre aconteceu aos domingos, quatro ou cinco da tarde.

O fdp que inventou o clássico num sábado à tarde jamais terá seu rosto mostrado à multidão afastada dos estádios e posta na frente da televisão.

Ainda bem que o Coelho resolveu encarar o seu jogo contra o Ipatinga como um clássico. Melhor assim, porque na tarde do nosso domingo, na Arena do Jacaré , haverá um clássico de duas torcidas.

Seria cômico, se não fosse tão dramático...

A COMIDA É REQUENTADA, mas penso que vale a pena, sempre, relembrar o assunto. Por isso publico a mensagem do leitor Paulo Hamacek, de BH:

“Caro comentarista, com relação ao caso do jogador William Morais e tantas outras vidas covardemente e brutalmente levadas por bandidos de todas as espécies , além da nossa indignação, fica o medo de sermos o próximo alvo” .

“Deveríamos, vendo tanto bandido matando, questionar a tal Lei do Desarmamento. A tal lei de numero10.823 /2003 penaliza , sumariamente , de 1 a 3 anos de detenção, quem tiver arma sem registro, de 2 ~4 anos de reclusão quem tiver portando arma sem registro e reclusão de 4 a 8 anos quem comercializar, ilegalmente, arma de fogo”.


“Quantos marginais , sumariamente , estão presos pela aplicação da tal lei ? Qual é o agravante para quem mata com arma irregular ?”

“O estatuto do desarmamento diz que “é uma das leis mais avançadas do mundo" (?). Esta Lei do Desarmamento, somada as penalizações do Estatuto do Torcedor são procedimentos inócuos na atuação policial e judicial”.

“Nossos bandidos marginais , nossos torcedores marginais devem tratar essas leis como nossos políticos e funcionalismo publico tratam das punições referentes à corrupção : não vai acontecer nada” .


Flávio Anselmo

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