quinta-feira, 20 de março de 2014

CAMPEÕES DE 97 INDICAM O CAMINHO PARA O CRUZEIRO

Acostumado com a Libertadores, o Cruzeiro sempre teve campanhas tranquilas na competição sul-americana e nunca foi eliminado na fase de grupos. Em sua 14ª participação, no entanto, o time celeste tem o pior começo desde 1997, quando perdeu os três primeiros jogos. A exemplo daquele ano, a equipe atual tenta iniciar a reabilitação nesta quinta-feira, contra o Defensor, no Mineirão, para 'repetir' o roteiro e conquistar o título.

Os lateral-esquerdo Nonato, que participou daquela campanha, acredita que a história do passado pode servir de inspiração para o momento. "Eu acho que o Marcelo Oliveira até poderia dar uma palestra em relação a isso, perdemos os três primeiros jogos e conseguimos ganhar os outros três", afirmou o ex-jogador, que teve longa carreira no clube celeste e conquistou 14 títulos, sendo o mais importante deles a Libertadores daquele ano.

O ex-dono da camisa 6 tem fé no potencial da equipe atual para repetir o feito. "Hoje se encontra em uma situação difícil, mas acredito na capacidade do grupo, do Marcelo, que está fazendo um excelente trabalho", comentou. Para o ex-lateral, o Cruzeiro de hoje se encontra em situação até mais favorável do que aquela equipe.

Assim como nesta temporada, o Cruzeiro de 1997 começou perdendo os dois primeiros jogos fora de casa, para Alianza Lima e Sporting Cristal, ambas no Peru. Os resultados abalaram a equipe, que acabou sendo derrotada pelo Grêmio, no Mineirão, e ficando na lanterna do grupo e em situação totalmente desfavorável.

Numa reação surpreendente, o time buscou uma improvável vitória contra os gaúchos fora de casa, por 1 a 0, com gol de Palhinha, e dali em diante reescreveu a sua história na competição com mais duas vitórias sobre os peruanos jogando no Mineirão e se classificou com 9 pontos, na segunda colocação da chave.

O Cruzeiro atual, como ainda não perdeu em casa – venceu a Universidad de Chile por 5 a 1 - pode se classificar até mesmo com mais duas vitórias nos jogos que tem no Mineirão. Porém, o objetivo é vencer não apenas o Defensor Sporting e o Real Garcilaso, mas também a Universidad de Chile fora de casa para não correr riscos de ser eliminado.

O técnico Marcelo Oliveira lamenta o início complicado, mas aposta em uma resposta positiva ao lado da torcida. "A gente pretendia era ganhar esse dois jogos, mas já passou. A história é essa do momento, vamos observar os erros, tirar proveito disso e melhorar. Em casa fomos bem no jogo da Libertadores, mas fora não foi o mesmo comportamento, embora tenha tido infelicidades que possibilitaram as derrotas", disse.

Nonato crê que o bom rendimento como anfitrião poderá ser decisivo para o Cruzeiro nesta quinta-feira e na sequência do torneio, como foi em 97, quando superou El Nacional-EQU, Grêmio, Colo-Colo nas fases finais, sempre conquistando as vitórias em casa. Na decisão, o Mineirão mais uma vez foi aliado e o time faturou o título contra o Sporting Cristal, quando Elivélton marcou o gol da vitória por 1 a 0.

Herói da conquista, o ex-atacante acredita que o time atual precisa adquirir um pouco mais do espírito aguerrido da equipe bicampeã. "O Cruzeiro entrou muito naquela de ser o campeão brasileiro, de forma indiscutível é claro, mas entrou com esse título pensando que é o melhor. Porém, esqueceram que nem sempre o melhor vence, se você não correr e não pôr o coração na ponta da chuteira é difícil conquistar mesmo tendo um bom elenco", observou.

Para Elivélton, é momento de ficar mais reservado e se unir. "O ponto crucial é o grupo se fechar, é muito difícil querer chegar lá em cima se não tiver união, é o ponto mais importante, porque mesmo sendo um dos favoritos ao título está faltando isso ao Cruzeiro e entender que Libertadores é 1 a 0. Faz igual o Paulo Autuori fez, fechando o grupo e o time que tinha em 97 era mais de operários, tinha o Palhinha que era mais clássico e o os outros eram jogadores que davam a vida, acho que está faltando mais jogadores com o espírito aguerrido", analisou.

O atleta do elenco atual que mais representa essa característica de fibra e raça é o volante Nilton, que promete não faltar empenho dos companheiros contra os uruguaios. "Pelo que apresentamos no ano passado, este ano não pode existir desconfiança, como em 97 que o time começou mal e conseguiram ser campeões, vamos colocar em prática esse estilo de muita luta, vamos correr por eles (torcedores) e eles cantando por nós", destacou.

Os jogadores dizem que em 97 o que motivou aquele grupo a sair do fundo do poço foi a vergonha e o medo de entrar para a história como a pior campanha da equipe, o que também poderá servir de incentivo aos comandados de Marcelo Oliveira.

"A gente não podia sair na rua em Belo Horizonte, nosso nome estava em jogo, a nossa moral. Entramos na Libertadores para marcar história e estava sendo uma história negativa, uma hora a gente acordou e falamos que tinha que mudar o panorama. Tivemos um papo entre nós, dizendo que iríamos ganhar do Grêmio e ser campeão", contou Elivelton.

Nonato espera que a história se repita já a partir desta quinta-feira. Mesmo achando que a equipe não tenha a mesma experiência daquela neste tipo de competição, ele acredita no sucesso celeste. "Acho que na primeira fase não podia passar tanto sufoco em termos de classificação, mas ainda penso que o Cruzeiro vai se classificar bem e de repente em primeiro lugar", disse em tom otimista.

Para realizar o desejo do agora torcedor Nonato e ter chances de terminar em primeiro, o time celeste terá que vencer o Defensor Sporting de qualquer maneira. Uma derrota o deixaria praticamente eliminado da competição. Com o empate, manteria as chances de classificação, mas não dependeria apenas dos próprios resultados.

FONTE: UOL

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