O PROBLEMA É GERAL!

Clubes mineiros enfrentam crise em momento estratégico do futebol nacional

Por: André Luís Mapa

À medida em que aumentam os recursos financeiros dos clubes brasileiros, seja em decorrência do crescimento do país, da elevação das receitas provenientes dos contratos de cessão dos direitos de transmissão ou mesmo dos patrocínios dos uniformes de forma geral, a tendência é que a diferença de capacidade para contratar novos jogadores e montar boas equipes se torne cada vez maior, já que alguns clubes concentram boa parte das receitas envolvidas no mercado futebolístico nacional.

Neste contexto, Cruzeiro, Atlético e América vivem uma situação perigosa por correrem o risco de serem rebaixados na principal competição nacional, o que pode representar uma queda no potencial de mercado dos clubes. Ou seja, devido à desmoralização de um rebaixamento e à exposição midiática restrita pela competição inferior que disputará, os clubes podem perder torcedores ou mesmo perder peso na escolha de potenciais adeptos, como as crianças, por exemplo.

Logo, um clube com menor torcida, menor presença midiática consequentemente terá mais dificuldades para alcançar melhores patrocínios, para colocar em prática um programa eficaz de sócios-torcedores e, mais que isso, para montar boas equipes e lutar pelos títulos que o colocará de novo em posição de destaque.

Há casos à parte, de equipes que foram rebaixadas, se reestruturaram e, hoje, colhem os frutos desse renascimento, o Vasco e o Corinthians, clube detentor da marca mais valiosa do futebol brasileiro atualmente, de acordo com a Consultoria BDO RCS. Entretanto, essa evolução não se deu em pouco tempo.

O Corinthians levou três anos para voltar a disputar títulos, graças, sobretudo, à excelente jogada de marketing de contratar o fenômeno Ronaldo. Já o Vasco, retornou da série B no ano passado e apenas em 2011 conseguiu retornar às glórias.

O próprio Atlético viveu a experiência de um rebaixamento e não conseguiu se reerguer até hoje. Talvez por incompetência dos gestores que comandaram o clube nos anos subsequentes à queda, mas também porque não é simples reestruturar um clube.

Com a elevação geral das receitas dos clubes brasileiros, é estratégico que tanto Cruzeiro, Atlético e América permaneçam na primeira divisão. Caso isso não aconteça, a aflição pela qual passa o torcedor mineiro tende a ser um calvário sem data para terminar.

Em termos práticos, no futebol atual, nenhum clube sem dinheiro vence campeonatos importantes. Portanto, a necessidade de evitar o rebaixamento é quase matemática. Apesar da paixão da torcida e de sua dor serem algo para entrar para a história.